02/04/11



"No outro dia um amigo levou-me a um dos mais espectaculares lugares que já conheci. Chama-se o Augusteum. Octávio Augusto construiu-o para albergar os seus restos mortais. Quando os bárbaros invadiram Roma, destruíram-no e a tudo o resto. O Grande Augusto, o primeiro grande imperador de Roma! Como poderia ele ter imaginado que aquela Roma, que para ele representava o mundo, um dia estaria em ruínas?

Durante a idade das trevas, os bárbaros entraram e roubaram as cinzas do imperador. No séc. XII foi uma fortaleza, a seguir foi uma praça de touros. Depois disso, um armazém de fogo de artifício. Agora é usado como casa de banho dos sem abrigo, por isso vejam onde põem os vossos pés. É um dos lugares mais silenciosos e solitários de Roma, a cidade cresceu em seu redor durante séculos. Parece uma ferida preciosa, como um desgosto de amor do qual não nos libertamos, porque a dor sabe demasiado bem.
Ao fim ao cabo, todos queremos que as coisas permaneçam na mesma. Aceitamos viver infelizes, porque temos medo da mudança. Que as coisas desmoronem. Depois, neste lugar, olhei em redor, para o caos em que se tornou, para a forma como foi adaptado, queimado, pilhado, até voltar a ser reconstruído e aí senti-me tranquilo. Talvez a minha vida não tenha sido tão caótica. É o mundo que é assim e a verdadeira armadilha é ficarmos ligados ao que quer que lhe pertença. A ruína é uma dádiva. A ruína é estrada para a transformação. Até nesta terna cidade o Augusteum mostrou-me que devemos estar sempre preparados para ondas infinitas de transformação."

16/08/10

Aníbal - O conflito entre Roma e Cartago contados na primeira pessoa

Aníbal - Ross Leckie - ediç. Lyon (1998), 225 pág.


De regresso de uma viagem à zona de Cartagena, nada como rever o enquadramento histórico, sobretudo dos dias dourados em que os cartagineses resolveram fundar uma nova Cartago na costa mediterrânica da Hispânia.

A história é esta: no séc. 3 a.c., Roma e Cartago (actual Tunis), eram as duas maiores potências do Mediterrâneo. Amílcar Barca, pai de Aníbal, perdera a 1.ª guerra púnica, e com Cartago esgotada vê-se obrigado a procurar riquezas na costa da Hispânia para pagar as indemnizações a Roma e fazer renascer a antiga Cartago e a força dos Barca.

Com a ajuda de Asdrúbal, seu genro, Amílcar conquista vastos territórios no sul hispânico, ricos em ouro, prata, estanho e pedras preciosas. Aníbal, o filho mais velho, cresce, é educado e instruído sob a orientação de perceptores num ambiente militar e hostil. Após a morte do pai Aníbal sucede-lhe, e passa a comandar um novo exército em formação.

A sua vida pauta-se, daí em diante, por um ódio imortal a Roma, o que o leva a viver entre os seus soldados e a treiná-los, gerando um sentimento mútuo de admiração. A astúcia guerreira leva-o a desenvolver novas armas, máquinas e estratégias militares, tornando-o no general mais temido pelos romanos.

Asdrúbal, hábil no estabelecimento de uma política de interesses na Hispânia, funda então a cidade de Cartagena que servirá mais tarde de apoio logístico e militar a Aníbal, iniciando assim, a campanha com que sempre sonhara: marchar sobre Roma levando consigo o seu exército e elefantes, atravessando os Pirinéus e os Alpes.

A história é uma narrativa autobiográfica de Aníbal contada na primeira pessoa, e retrata de uma maneira verosímil a forma de viver da época, os costumes, as trocas comerciais, as guerras sem tréguas, a barbárie cruel infringida a traidores e prisioneiros, levando-nos depois a acompanhar a 'impossível' grande viagem até ao norte de Itália, a perceber as estratégias e os métodos inovadores de combate, décadas mais tarde, adoptados pelas próprias tropas romanas.

A narrativa é densa e estende-se por várias décadas, desde a infância na Cartago africana até à glória triunfal sobre as hostes romanas na batalha de Canas, finalizando no último minuto da vida do grande general. Dá-nos a percepção de uma imortalidade latente do narrador, de um vigor impetuoso do guerreiro cuja aversão desmedida a Roma o leva a perder tudo. No final, sobra-nos somente a simples ideia do homem lúcido e desgastado, acima do príncipe ou do general cartaginês que teve Roma à sua mercê, e que outrora foi querido e respeitado pelo seu grande exército. Aníbal - o inimigo de Roma.

«Juro que enquanto a idade me permita […] empregarei o fogo e o ferro para romper o destino de Roma.»

03/07/09

De Erfoud a Marraquesh

Como agora virei as costas à actualidade e ao hábito de a comentar e porque também sinto que escrevinhadores como eu há muitos, deixo aqui, passado meio ano de inactividade, um pequeno apontamento relativo a uma das minhas paixões agora redescoberta - o Mototurismo.

Assim, da viagem a Marrocos feita em duas rodas em meados de Maio fica a pequena crónica ou crónica miniatura de uma das etapas mais emocionantes e estafantes, também.

Para um enquadramento diga-se que ia inserido num grupo de amigos designado de "Os Mustafás", cujo objectivo principal era o de alcançar as areias do Saara perto da cidade de Erfoud. O relato abaixo retrata parte da etapa seguinte à de Erfoud e que nos conduziu às Gargantas do Todra e depois a Marraquesh.
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Às 8 da manhã em cima das motos!”. Depois do elegante jantar de gala dos Mustafás, no final da última noite em Erfoud, só me tinha ficado aquela frase da Inês a ecoar na cabeça.



E assim foi, às 7h30 já tínhamos as malas prontas a ser colocadas na Honda Varadero, mas antes disso pousei-as no lobby do hotel onde na noite anterior ia caindo o Carmo e Trindade durante o check-out. O Visa não estava a ser aceite, porque simplesmente o chico-esperto do recepcionista tinha acabado de desligar a comunicação, simulando que a culpa era dos serviços centrais em Casablanca.

Esses momentos ocupavam o meu pensamento enquanto ajeitava as malas ao pé da recepção. Nisto o estômago dá um ronco. Não faço mais nada e saio para a sala de refeições.

Já lá estavam quase todos na azáfama matinal dos cumprimentos, dos alegres comentários por entre o cheiro do café, da escolha das mesas e dos crónicos empregados maldispostos.

Pousadas as chaves e os óculos na mesa grande onde a maioria do pessoal já se deliciava, fui à cata das panquecas marroquinas que tanto ansiava. Ao chegar deparo-me com o André a queixar-se do sacana daquele Zéééééé que não dava conta das panquecas pedidas ao tempo. “Só me apetece mandar-lhe um cachaço!”, dizia num misto de gozo e irritação. Se estava bem-disposto melhor fiquei quando lhe disse: “Então manda-lhe 2! Um é por mim!”. No meio do grande salão o André estava meio desbocado, mas coberto de razão. Quem paga tem de ser bem servido, tanto mais num 4 estrelas.

Recolhidas as tostas do costume, o café au lait, geleia e afins, sem qualquer sinal das panquecas, lá me sentei ao pé do Paulo Carvalho e do Nascimento. Reparei que estavam muito concentrados. É natural, pensei eu, quem mata-o-bicho assim fica.

De repente, aparece a Celina com um prato de panquecas e mais geleia! Agora é que tu estragas-te tudo, disse-lhe. Quero ver quem é que está em cima da moto às 8h. Souberam-me a rosas, só vos digo.
A preocupação da pontualidade impunha-se e levantei-me sem terminar. Ainda passei pelo quarto para a inspecção final. Segui depois para o lobby onde apanhei a bagagem. Antes de sair olhei de relance a recepção onde me pareceu ver o artista que nos aturou na noite anterior. Recordo-me que, logo após a discussão, quando chegou a minha vez de levantar a chave, este me ter dito que eu era muito simpático, ao que eu retorqui: Nem sempre, mon ami! Il n´est pas possible. C´est toujours la même chose. À Chefchaouen, Visa ? Non. À Fès, Visa ? Non. Et ici, Visa ? Non. Vous n´avez pas besoin de touristes? Aqui no meio do deserto? Au revoir. E virei-lhe as costas.


Vim a saber depois por aqueles que fizeram o check-out após o pequeno-almoço, que o Visa já funcionava graças à conversa que o Mealha, Pierre e Filipe tiveram com o recepcionista. Uns em francês, outros em inglês e português universal. Parece que a certa altura o marroquino já dizia mal da vida dele.



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Erfoud às 8h00 da manhã estava resplandecente, era um bom auspício para os quase 600km que tínhamos pela frente até Marraquesh.

Cá fora estavam todos nos últimos preparos, exceptuando 2 ou 3. Toca a despachar, Celina.

Todos os dias era sempre assim. Tínhamos que fazer as coisas rápido e os enganos eram uma certeza. Às vezes, após estarmos embalados no equipamento reparava que ainda trazia a chave ao pendurão no fio do pescoço. Toca a tirar as luvas e desapertar casacos. Outras vezes arrancávamos com o casco ou o casaco desapertado, e só em andamento é que dava conta.
Saímos do belo hotel e cortámos à direita. Voámos sobre os primeiros quiilómetros até chegar a uma povoação que parecia como muitas outras, à parte de uma praça com um mercado muito típico. Foi pena não termos parado. Fez-me lembrar o famoso mercado de Meknès com todas as mercadorias expostas no chão e bancadas, uma grande variedade de coisas, desde escapes de motos a caixas de sabão, passando pelo saudoso pão. Tudo serve para fazer alguns Dirham´s, é tipo feira da ladra, não fossem os marroquinos vendedores por natureza.




As planícies sucediam-se ponteadas por elevações que aparentam ser enormes ao longe. Prevalece o castanho do pó e da rocha no meio do qual serpenteia a estrada até onde a vista alcança. As Gargantas do Todra eram o nosso destino intercalar.

Após dezenas de quilómetros a rolar a 100/120 à hora, dá impressão que são já ali, entretanto surgem mais povoações, umas maiores, outras mais extensas, sempre marcadas pelas respectivas torres das mesquitas e megafones, que nem por isso as diferenciam.


Por fim, chega-se a uma cidade com muitas casas em argila com acabamentos rústicos. Na base de uma descida o Pierre hesita e logo aponta o caminho para a direita. Nós só temos tempo de ver no canto do olho uma placa a dizer Toudra, e lá seguimos na direcção de uns rochedos que àquela distância se anteviam monumentais.

Devo dizer que a partir desse ponto tudo começou a mudar. Nos primeiros kilometros a estrada era ladeada por edifícios toscos, era sinuosa, por vezes baixava ao nível do leito dos rios que a atravessavam, ou seja, nesses locais não havia pontes o que significa que sempre que chovesse os viajantes teriam que atravessar o leito com o caudal que lá houvesse. Ou então, não atravessavam. O alcatrão pregava partidas. Nalgumas faixas desaparecia, noutras não se sabia onde começava nem onde acabava.


Essa zona acabou por ser feita rapidamente, tal foi o gozo de rolar naquelas condições. A certa altura começamos a desviar-nos para a esquerda na base dos montes, era a subida a ter início. Paulatinamente começamos a observar a cidade de cima, os terraços apareciam como mosaicos na paisagem, e um enorme manto verde composto por palmeiras traçava o andamento dos cursos de água que por lá passavam debaixo dos nossos olhos. Qual daqueles seria o rio que vinha das gargantas? Quantos rios confluíam naquela cidade?



A resposta a essa dúvida ficava cada vez mais esquecida com a paisagem avassaladora que nos aparecia. A seguir descemos a outro leito, ao que se seguiu nova subida, tudo isto em curvas e contra-curvas. As mágicas recordações de Erfoud e do Saara estavam pulverizadas com aquela vista, e a sensação que algo de grandioso se aproximava era eminente. O caminho que entretanto deixava de ser estrada, ficou mais estreito, apesar disso circulavam pessoas e carros como se nada fosse, os locais aparentavam ignorar tudo e todos na sua vida quotidiana, nem os roncares das motos os chamava à atenção.

Com o rio a acompanhar-nos ao lado, o grupo lá continuava em Z sempre que podia, e a impaciência começava a tomar conta de mim. Os sentidos estavam todos despertos à espera do anunciado, era óbvio que seria já ali adiante, até que nos confinámos a 2 paredes altas onde só cabiam o rio e o caminho, e lá estávamos: as soberbas gargantas do Todra à nossa mão.

Eu nem sei como nos lembramos de colocar os descansos nas motos, o local absorvia toda a nossa atenção. Por mais que esticássemos o pescoço, as falésias pareciam não mais terminar. Quase se uniam no seu topo como quem dá as boas-vindas de braços abertos e os fecha aos visitantes.
Percebi então que les Gorges du Todra não cabiam numa fotografia. Sempre era verdade.




05/11/08

Barack Hussein Obama

O que será que sucede depois de a maioria depositar tanta e tanta esperança num só homem? Vamos ver a seguir no campo, o que resulta do "Yes, we can" da campanha.
Até ver os americanos e o mundo têm na mão estas promessas:
Aborto: A favor dos direitos da interrupção voluntária da gravidez.
Afeganistão: Reforço com sete mil soldados do contingente norte-americano (32 mil). As tropas seriam retiradas do Iraque. Obama ameaçou lançar um ataque unilateral a alvos terroristas no Paquistão, caso este país «não consiga ou não actue» contra os mesmos.
Aquecimento Global: Apoia a criação de um fundo, durante dez anos, de 150 mil milhões de dólares (116 mil milhões de euros) para biocombustíveis e energias renováveis (eólica, solar...). Redução em 80 por cento dos gases poluentes em 2050.
Casamento homossexual: Apoia as uniões civis, cabendo aos Estados deliberar sobre as mesmas.
Comércio: A favor da reabertura do Acordo de Comércio Livre Norte-Americano.
Coreia do Norte: Defende a criação de uma coligação internacional forte que acabe com o programa de armas nucleares.
Crise financeira: Propõe um plano bianual e uma taxa de crédito de três mil dólares (2.300 euros) para empresas, por cada emprego criado. Ampliação dos benefícios para os desempregados.
Cuba: Diminuir as restrições nas viagens de parentes e no envio de dinheiro de norte-americanos de origem cubana para familiares em Cuba. Aberto a um encontro com o novo líder cubano, Raul Castro, sem pré-condições. A favor do levantamento do embargo norte-americano se Havana mostrar uma abertura por uma mudança democrática.
Cuidados de Saúde: Cobertura universal.
Defesa: Expressou cepticismo quanto à quantidade de dinheiro que os Estados Unidos estão a gastar no uso de mísseis.
Guantánamo: Encerramento do centro de detenção.
Imigração: Legalização dos imigrantes ilegais que dominem a Língua Inglesa e paguem impostos.
Impostos: Quebra de 80 mil milhões de dólares (62 mil milhões de euros) nos impostos para os trabalhadores pobres e idosos.
Investigação: Apoia a diminuição de restrições federais ao financiamento da investigação de células embrionárias.
Irão: Defende que a diplomacia directa com os líderes iranianos dará aos Estados Unidos maior credibilidade para pressionar por sanções internacionais conjuntas.
Iraque: Inicialmente contra a guerra, opôs-se ao envio de mais tropas para o território. Mas, depois, votou a favor, enquanto senador, de mais verbas para financiar a guerra.
Pena de morte: Defende a pena capital para crimes que justificam a expressão da «raiva» de uma comunidade.
Sudão-Darfur: Condenou a violência, responsabilizando o governo sudanês. Favorável a uma intervenção das Nações Unidas.
Nota: lista retirada do Portugal Diário

29/08/08

Época das concentrações Motard´s

Imaginar uma concentração de amantes das duas rodas nos anos 50 da América profunda, com motas cobertas de cromados ao estilo "easy rider", evocando rebeldes sem qualquer causa com James Dean à cabeça, personificando a adolescência incompreendida, mal acarinhada, ou a beat generation imortalizada em Pela Estrada Fora, por Jack Kerouac, um símbolo do sonho americano sem quaisquer amarras à velha europa, seria um exercício muito interessante. Ver esssa mescla de gente e de culturas, celebrando mutuamente num só local, dentro desse espírito que marcou os meados do século passado, que me recorde, tal nunca aconteceu, nem me parece que alguma vez seja posssível. No entanto, a ideia permanece no imaginário.
No caso das nossas concentrações motard´s, estas representam, em todos os sucessivos verões, uma reunião massiva de pessoas amantes de motas, mais ou menos organizadas, cuja grande parte faz da mota o seu segundo veículo, envergando aqui coletes personalizados com crachás, bandeiras e brazões identificativos e "curriculares". A tenda de campismo durante os 3 dias de duração converte-se na casa própria (alguns optam por hospedagem corrente), o convívio e as refeições ao ar livre são obrigatórios, sendo esta a faceta de maior importância, quer ao nível social, quer ao nível humanitário, potenciando a capacidade de entre-ajuda e de companheirismo - qualidades em vias de extinção.
Mesmo com inspiração no dito "american way of life", a designação de mototurismo é a mais apropriada para este tipo de encontros, apesar de participantes mais puristas que levam a peito o espírito "Harley Davidson" ou de outros que soltam os instintos mais anarcas. O gosto pelas motos, a liberdade de horários, o contacto directo com a natureza, a troca de vivências e a amizade é que caracterizam este modo de viver a vida, nem que se limite a alguns fins-de-semana durante o ano.
E, mais importante que tudo, as pessoas que aqui convergem são (ou tornam-se) gente simples, de trato fácil, vêm embuídas de benevolência e de camaradagem, valores basilares para cultivar o respeito pelos outros.

27/08/08

Long Way Down no National Geographic


LONG WAY DOWN – Lista dos 10 episódios e data/horário de emissão:

• 17 de Setembro, às 21h15: 'LONG WAY DOWN: Liguem os Motores'
• 17 de Setembro, às 22h15: 'LONG WAY DOWN: Da Escócia à Itália'
• 24 de Setembro, às 21h15: 'LONG WAY DOWN: De Roma a Tobruk'
• 1 de Outubro, às 21h15: 'LONG WAY DOWN: De Tobruk a Cartum'
• 8 de Outubro, às 21h15: 'LONG WAY DOWN: Do Sudão à Etiópia'
• 15 de Outubro, às 21h15: 'LONG WAY DOWN: No Quénia'
• 22 de Outubro, às 21h15: 'LONG WAY DOWN: Do Quénia ao Ruanda'
• 29 de Outubro, às 21h15: 'LONG WAY DOWN: De Kigali ao Malawi'
• 5 de Novembro, às 21h15: 'LONG WAY DOWN: Do Malawi ao Botswana'
• 12 de Novembro, às 21h15: 'LONG WAY DOWN: Do Botswana à Cidade do Cabo'
O canal a transmitir é o National Geographic.

03/07/08

Time to ride

22/06/08

Um Vintage - Um Bom ano, de Ridley Scott

Os simples prazeres da vida, a terra, as recordações de uma infância feliz, a escolha entre o autêntico e o artificial. Este, apesar dos clichés, é um daqueles filmes que merece ser visto pela excelente fotografia. Encontra-se prazer nos sítios mais inesperados. La Provence no sul de França pode ser um desses sítios, graças aos seus vinhedos, aos "châteaux", ao Mistral, à gastronomia francesa e a pequenas e encantadoras "villes" como Gordes, cuja foto se exibe no título deste blogue. Por momentos lembrei-me do "Bonjour Tristesse" da F. Sagan cujo cenário da "Côte d´Azur" é bem perto.
Nota: figura ao lado - quadro a óleo de Van Gogh Road With Cypress and Star - Rijksmuseum Kroller-Muller, Otterlo.

19/06/08

Código Miguel Ângelo

Está encontrado o substituto do Código da Vinci, chama-se Código de Miguel Ângelo ou do inglês: Segredos da Capela Sistina. Depois de popularizada a ideia dos códigos, códices e enigmas, e após o sucesso do livro de Dan Brown, seguido de muito perto por várias réplicas, surgiu actualmente outro grande nome da época do renascimento com um código escondido na sua principal obra: Miguel Ângelo Buonarroti e o tecto da Capela Sistina.
Pintor, escultor, teimoso convicto, profundo estudioso e conhecedor da anatomia humana, faceta esta que muito contribuiu para as representações de David, Moisés e a Pièta, obras-primas da escultura, são agora colocadas sob a forma de literatura “industrial”, as teorias há muito difundidas de que Miguel Ângelo teria pintado mensagens subliminares nos frescos da Capela Sistina. Estejam atentos.

17/06/08

Crónica de Uma Morte Anunciada - Gabriel García Márquez

Esta novela, ou crónica, como é designada por Gabriel G. Márquez, é mais uma pequena amostra da talentosa escrita do Colombiano, e que pelo que me apercebo, foi o último degrau para chegar ao Nobel da literatura que a Academia lhe atribuiu em 1982.
A história desenrola-se num lugar do Caribe sul americano, onde Santiago Nasar, um jovem rico, solteiro e filho único, se vê como vítima de um ajuste de contas desencadeado por uma pueril declaração da irmã dos homicidas, feita após a sua atormentada noite de núpcias. Questões de honra e de virtude, como se pode adivinhar. Conforme sugere o título, trata-se então de um relato dos momentos que antecederam a morte constantemente anunciada, do jovem Santiago Nasar, entremeando avanços e recuos no tempo, encruzilhando assim os acontecimentos.
A narração é feita por alguém do povoado que conhecia Nasar e os restantes personagens, encetando mais tarde uma investigação acerca dos factos ocorridos que levaram ao fatal desfecho, permitindo uma melhor compreensão da psique das personagens e do móbil que as levava a agir de determinada forma.
A morte é, logo à partida, um dado adquirido, retirando-se qualquer suspense sobre o desconhecimento do final. Mas, o ritmo que marca o avanço da narração, intrincada entre o cepticismo da população e a lucidez de Nasar quanto à notícia antecipada que se espalhava como o vento acerca da sua morte, leva-nos por momentos a duvidar se esta em algum momento se iria consumar. Mas a morte ocorre, e da sua inevitabilidade vamos ficando certos quando vemos uma comunidade que possui tudo para a impedir, mas que nada acaba por fazer, remetendo-se ao fugaz encolher de ombros acompanhado do usual “...é uma patranha!”.
Mas até lá, hábil e talentosamente, o cronista vai espalhando em pequenas doses a sua magia e intriga, num cenário característico do Caribe sul americano com todas a cores e aromas derramados sob um sol abrasador e banhados pelo generoso rio, aparentemente a única via de ligação ao resto do mundo. Além disso o autor evoca, por mérito dos retratos às várias personagens, os costumes e valores herdados das sociedades dos países do sul da Europa fortemente influenciados pela excessiva religiosidade trazida para a América latina. Por outro lado, faz-nos também sentir que esta terra é uma nova terra, diferente da velha Europa, mostrando que este novo mundo é a pátria comum de várias raças e credos que convivem mutuamente. A prova disso é a origem muçulmana do próprio Nasar que vivia agora numa pequena comunidade árabe católica. Será certamente este o principal enfoque que G.G.M. quis retratar. Um povo ainda refém dos mesmos valores cujos avós lhes transmitiram, porém, à luz do sol deste mundo novo, tresandando ao exotismo destas comunidades cosmopolitas, surgem os desprendimentos das matrizes culturais e raciais primordiais, gerando individualmente conflitos interiores em reboliço de sentimentos, que colocam em dúvida os limites pré-concebidos entre o bem e o mal, entre a fraternidade e a obrigação.
Este conto é uma ficção, é certo, contudo apoia-se noutros contos e histórias de cariz popular que se vão perdendo ao longo do tempo, mas que por qualquer motivo se reúnem novamente, e neste caso pela mão genial de Gabo que com certeza cunhou esta bela história com vivências pessoais. E Gabo fê-lo de tal maneira que a descrição dos locais, a construção dos intervenientes, as relações entre si são tão intensas e possuem tanto de verosímil, que a minha mente enquanto leitor facilmente se iluminou e construiu ela também de forma tão real, as ruas da cidade, o molhe do cais, Santiago Nasar com o seu fato de linho branco a sair de casa, os irmãos Vicario de facas na mão com um brilho tão reluzente que quase nos atinge, fazendo-nos aproximar da fantasia desse pequeno universo. E são estas descrições, esta forma encantadora de escrever, é esta construção literária qualitativa que me cativa em G.G.M.
Este é um livro a recomendar aos amantes dos universos criados por Gabo. Apesar de ser de leitura rápida, convirá uma assimilação lenta para um bom proveito deste sumarento produto literário.

16/06/08

Morte em Veneza - Thomas Mann

Gustav Aschenbach, compositor buguês alemão, passa uns dias de descanso no Lido - a frente marítima de Veneza. Durante aquele período, entre a vida do hotel e as actividades balneares, Aschenbach observa as lides de uma família polaca com especial interesse no jovem filho com cerca de 14 anos -Tadzio-, cuja beleza o atraiu de forma arrebatadora.
O estóico e respeitável burguês da Baviera, passa então a conviver com uma difícil coexistência entre a sua rígida consciência e os impulsos obscuros que tenta esconder do jovem polaco e sobretudo da sua família.
Há quem afirme que nesta obra, Thomas Mann faz uma excelente reprodução do declínio da aristocracia europeia e uma brilhante análise da solidão do homem à margem do social, porém, escravo das aparências.
Eu penso de igual forma. Há que reflectir e tirar ilações da sociedade que nos rodeia impondo convenções absurdas e ridículas que mantêm o indivíduo e a sua liberdade numa espécie de cativeiro. É um dos meus livros.

03/06/08

78.ª Feira do Livro de Lisboa

Para quem gosta da feira do livro com este figurino que já anda no nosso imaginário há décadas, pode começar a preparar-se para mudanças. As enternecedoras barraquinhas feitas de tábuas sobrepostas umas às outras, com 3 balcões cobertos por uma pala de madeira que se eleva para proteger (mal) os livros expostos, e que todos os anos são pintadas consoante a disposição dos organizadores, parece-me que têm os dias contados. Para além de terem uma estrutura frágil e de não evitarem que a chuva caia sobre os balcões cheios de livros, o que é um absurdo pois quem paga quer os livros secos e desempenados, o design que esteve na sua concepção está obsoleto, sem mencionar no espaço inútil no interior. Como se verificou este ano, não faz sentido nenhum continuar com este tipo de expositor em feiras a céu aberto sujeitas às novas intempéries primaveris do séc. XXI, com chuva, vento e frio.
Como alternativa, a ideia do grupo Leya pareceu-me interessante, porém precisa de algumas correcções. À medida que calcorreava os sobrados, reparei que alguns livros tombaram das prateleiras por diversas vezes, o que me levou a esboçar vários sorrisos pensando na inexperiência daqueles tipos. Seja como for, inovaram.
A ideia está lançada, por mais que custe a muita gente a Leya optimizou e dividiu a área de venda por vários espaços em redor de uma única caixa, todos com aspecto inovador, diferente, confortável para os actuais meses de Maio, e mais funcionais. O mercado é assim mesmo, já aconteceu lá fora, os editores são reunidos numa só empresa surgindo daí novos conceitos e ideias para desempoeirar e tirar o mofo que se instala, com o hábito e o costume a impedirem uma visão sob novas perspectivas.
Depois de me ter abrigado por cerca de meia-hora no pavilhão dos pequenos editores, dei início à minha voltinha de cima a baixo e vice-versa, de guarda-chuva aberto por vezes. Soube-me bem aquele borburinho, aquela ansiedade de saber o que vou encontrar nas laterais da Assírio & Alvim, na Europa-América e dependências, na Antígona, na Relógio D´Água, nos alfarrabistas (meus principais fornecedores), ver alguns autores, ouvir opiniões à boca dos balcões de pares e de grupos de amigos acerca do Ruben A. ou do Jack London, receber os doutos e altivos pareceres dos vendedores sobre os autores em destaque, as colecções, o livro do dia, os descontinuados, as raridades que ainda se encontram, e as pechinchas - essas sim. 1 euro, 2 ou 3 euros, leve que vale a pena, mesmo que o não leia todo há partes que valem bem a compra, aconselhavam-me naquele familiar tom de confiança enquanto degustava um gelado.
Olhei de relance para Filomena Mónica que me pareceu cada vez mais na mesma, já Eduardo Lourenço dei de caras com ele quando menos esperava. O circunspecto Moita Flores levava o semblante do investigador que matutava sobre mais um caso, e ao Francisco José Viegas achei-o mais..., espaçoso. Lembrei-me da sua foto na contra-capa do Regresso por um Rio, comprado há um ano no pavilhão Rosa Mota, em que exibia a preto e branco aqueles ares do ex-selecionador António Oliveira..., típicos do norte.
Em suma, sem o sol a radiar e os pardais a cantar, cumpriu-se mais uma feira. Para o ano há mais, falta saber como e qual o atraso na data da inauguração.

02/06/08

Morre lentamente quem não viaja,
quem não lê,
quem não ouve música,
quem não encontra graça em si mesmo.
Morre lentamente quem destrói seu amor próprio,
quem não se deixa ajudar.
Morre lentamente quem se transforma em escravo do hábito,
repetindo todos os dias os mesmos trajetos,
quem não muda de marca,
não se arrisca a vestir uma nova cor ou não conversa com quem não conhece.
Morre lentamente quem evita uma paixão e seu redemoinho de emoções,
justamente as que resgatam o brilho dos olhos e os corações aos tropeços.
Morre lentamente quem não vira a mesa quando está infeliz com o seu trabalho ou amor,
quem não arrisca o certo pelo incerto para ir atrás de um sonho,
quem não se permite,
pelo menos uma vez na vida,
fugir dos conselhos sensatos...
Viva hoje!
Arrisque hoje!
Faça hoje!
Não se deixe morrer lentamente!

autor: Pablo Neruda

29/05/08

Adenda: No pós-boicote, verificou-se que a adesão foi baixíssima devido à débil organização que estas causas possuem quando engenhadas pelo vulgo. Muito francamente, já desconfiava disso, mas como a esperança é a última a morrer, deixou-se a coisa andar até ao fim. Mesmo que a adesão tivesse alguma expressão era muito difícil produzir o safanão esperado às gasolineiras. Antes delas, o safanão seria dos revendedores, os elos mais fracos, e só muito depois a(s) ditas empresa(s) detentora(s) do monopólio.

17/05/08

Gaudì - Rainer Zerbst - Taschen

Gaudi arquitecto Catalão, deixou uma obra ímpar no campo da arquitectura.
Arquitecto inovador, colocava a sua racionalidade entre a fantasia e a realidade. Tornou-se num mestre ao conceber soluções arquitectónicas fora da matriz clássica e fora dos conceitos convencionais que sugeriam limites à arte de construir em meio urbano.
Gaudi foi único. Tinha um estilo muito próprio de projectar, fortemente influenciado pela natureza. Quer tivesse nascido Catalão, Japonês, Norte-americano ou Brasileiro, aquele génio criativo destacar-se-ia com as suas concepções em qualquer parte do mundo. E é de qualquer parte do mundo que afluem a Barcelona, pessoas para ver as obras que deixou pelas ruas da cidade.
Influenciado pelas transformações e inovações da revolução industrial, Gaudi foi um multifacetado artista, entusiasmando-se com a pintura e sobretudo com o mobiliário urbano metálico.
Penso que Barcelona deve muito a Gaudi. Como o próprio dizia, Barcelona na época era parca em monumentos e este convicto das suas idealizações ergueu no início do século XX edifícios imorredoiros. Mesmo nos dias de hoje ainda me surpreendem. E se reparamos, os actuais ex-libris de Barcelona são as construções de Gaudi.
Este livrinho da Taschen, tem no início uma pequena nota biográfica sobre o artista e uma compilação com 16 das suas principais obras, desde a Casa Vicens até à Sagrada Família, passando pelos interiores da Catedral de Maiorca. Não vou falar sobre a sua obra arquitectónica. Nem vou falar sobre o seu edifício mais badalado e polémico – A Sagrada Família. Polémico pela sua religiosidade, mas sobretudo, a meu ver, pela ausência de um plano ou projecto técnico para o ter levado a bom porto num curto prazo, encontrando-se ainda inacabado com implicações na utilização do interior. Note-se que as fachadas são uma das componentes de um edifício sendo o interior outra.
Das suas obras vou destacar uma das mais importantes – A Casa Milà. A Casa Milà foi concebida para albergar a família Milà. Deduz-se à partida que será um edifício de apartamentos. É, e não é, em simultâneo. A Casa Milà ou a Pedreira como é conhecida, é um edifício solto, livre de quaisquer utilizações pré-definidas. Essa liberdade é tanto visual com funcional. Os alçados formam um gaveto. Embora pareçam dicotómicos eles são como um só. Ao olhar para o gaveto, tomo-o apenas como um alçado, num plano único por onde flui o ondular dos balcões dos pisos, lembrando um oceano de ondas de pedra. Da cobertura, reconhecemos um volume ondulatório propositadamente criado para um contínuo das fachadas. As chaminés serão talvez o primeiro contacto visual que nos surge, sugerindo o que se quiser: monstrengos, personagens armados, dadas a várias interpretações. O sótão deixou de ser sótão. Passou a ser espaço útil, habitável, utilizável, abandonando a concepção que o condenava ao eterno armazém de velharias. No terraço, a geometria comanda, e daí podemos contemplar a arquitectura de uma perspectiva que a integra na urbe, como também se pode admirar a arte de Gaudi nos seus mais ínfimos pormenores. Cada vista é uma vista. Nunca é igual à que a precede.
Um à parte: repare-se que Gaudi não queria guardas-corpos no terraço, pois seriam depreciativos para a natureza robusta da obra. No interior, tal como no exterior, predominam as formas ondulantes, parabólicas, não lineares. Cada piso de 1600m2, divide-se em quatro partes de 400m2 cada. Ao repararmos, corredores, paredes, janelas e até os mais pequenos acessórios como maçanetas, patenteiam sob todas as perspectivas o movimento. É surreal, compartimentos desenharem formas não convencionais, mas o objectivo era mesmo esse. E nesses mesmos compartimentos de paredes curvilíneas os móveis convencionais não fazem sentido. Um banco corrido rectangular seria inútil, tanto pela estética como pela funcionalidade. Os ornamentos não ficaram de lado e seguem fielmente a mesma orgânica do grosso construtivo. No núcleo da construção, comuns às partes, existem dois pátios para fruição de luz e de ar, por onde penetra o sol e a claridade. De um dos pátios eleva-se uma bela escadaria metálica em espiral. Para além do original, da orgânica e dos materiais naturais, a singularidade que dou mais importância tem a ver com a versatilidade do edifício. É notável que Gaudi tenha no início do séc: XX, dotado uma construção com toda a liberdade construtiva e funcional. A Casa Milà pode a qualquer altura acolher um hotel, ou serviços. As paredes, os panos de divisórias, não estão lá para além de serem uma envolvente desprendida de uma estrutura base. Estas paredes poderão ser removidas e reedificadas de acordo com as pretensões de novas utilizações. Imaginem um edifício onde se encontravam apartamentos, passados 6 meses tem no mesmo piso ou pisos, um hotel instalado! Genial e talentoso, para a altura.
A Gaudi foi-lhe dada liberdade, liberdade essa consignada em contrato com os Milà. Esta orgânica arrojada e ambiciosa que fervia no arquitecto feriu os propósitos da família Milà, tendo havido uma tentativa gorada, por parte dos proprietários, em cortar os restantes honorários.
A Casa Milà afigura-se como um marco. Marco de uma loucura de um génio, que veio abrir novas portas e apontar novos caminhos para o design arquitectónico e para que o aproveitamento de espaços fosse visto de forma diferente.
A par, as técnicas construtivas Catalãs também foram anunciadas ao mundo numa altura onde não abundava a riqueza, passando pelo reaproveitamento dos materiais existentes.
Salvador Dali, um dos seus amigos, foi um dos primeiros a visitar a Casa Milà. E feliz ficou numa das fotos, com uma das inconfundíveis chaminés em pano de fundo.

30/04/08

Os combustíveis subiram pela 14.ª vez este ano


Não tarda nada, compensa ir daqui de Viseu abastecer a Vilar Formoso e aproveitar, de caminho, trazer para a família e amigos, como acontecia há uns anos com os caramelos. Atenção ao mercado paralelo, está a ficar muito apetecível...
Adenda: no dia 14 de Maio (logo a seguir ao dia dos milagres de Fátima) os combustíveis subiram pela 15.ª vez este ano. E esta foi talvez, a que me custou mais a digerir - 3 cêntimos/litro no gasóleo.

23/04/08

Retrato do Artista quando Jovem - James Joyce (Dia do Livro)

A minha compra no dia do llivo. Mas não basta comprar, é preciso ler e para isso dizer: «Ai que prazer, não cumprir um dever, ter um livro para ler...». Fernando Pessoa.

22/04/08

Blade Runner - A Rever

Na altura em que o vi, nos anos oitenta, para além de ainda não possuir grande sensibilidade para as artes, pouco ou nada sabia de cinema devido ao meio onde cresci. A cidade, durante muitos anos, só teve uma sala, e os vídeos não existiam, como tal, cinema só mesmo na televisão. Mas, apesar de existir somente o canal público, filmes, havia-os 2 vezes por semana: à quarta e ao sábado à noite.
No entanto, Blade Runner - Perigo Eminente -, marcou-me imenso pois acabei por descobrir na tela a verosímel possibilidade da clonagem de seres humanos, do homem no papel do criador. E, acima de tudo, a sensação de que muitas tecnologias estavam tão próximas, que era uma questão de anos e que em breve estaríamos a experimentá-las.
Todo esse futuro próximo, é apresentado no filme de Ridley Scott em atmosferas urbanas, decadentes e belas, de personagens bizarras, recriando visualmente o estilo dos mestres da literatura de ficção científica - Philip K. Dick, o autor do livro onde Scott foi beber. Contudo, as imagens, sobretudo as da última cena com Rutger Hauer - o Replicant -, recordam quão efémeros e pequenos nós somos no meio da imensidão do universo. E tão poucas vezes nos lembramos disso.
Estas lembranças sobre um dos filmes do meu top 10, veio a propósito disto.

Quando gosto, felicito

Gostei das cores, volumetria, materiais, e da silhueta que se tornará num ícone. A mim apraz-me o edifício, daí que o ache belo. Felicito os arquitectos (as).
Palácio do Gelo - Viseu.

17/04/08

FNAC - Viseu

Assim, sim... Rita Redshoes - Golden Era, ontem às 21h30, na Fnac.

Depois da experiência inicial como vocalista dos Atomic Bees, em 1997, Rita Redshoes foi
uma das finalistas do concurso Jovens Criadores em 1999, com o projecto Rebel Red Dog, onde tocava baixo. Desde 2003 que
integra a banda de David Fonseca, tendo mais recentemente partilhado o tema Hold Still,
incluído no segundo álbum do músico. Hey Tom é o primeiro avanço do disco de estreia Golden
Era, alguns meses depois da apresentação de Dream On Girl. (Cartaz FNAC)

09/04/08

Pet Shop Boys - West End Girls

O talento fala por si. Já lá vão 22 anos quando esta música disparou para os tops. Rever estes vídeos - West End girls; Domino Dancig; What have I done to deserve this; Suburbia; Before; Heart ; Home and Dry, etc... - é lembrar-me da idade em que sentia que o céu não tinha limites, que o fôlego não se esgotava, e com isso abarrotar a cabeça de boas recordações. Responsabilidade? Havia a que era precisa, Love comes quickly, Left on my own devices, And we were never being boring..., We dressed up and fought, then thought: "Make amends", And we were never holding back or worried that Time would come to an end.

02/04/08

Codex 632 - The Secret Identity of Christopher Columbus

Agora é que os americanos vão perceber quem foi Cristóvão Colombo, com José Rodrigues dos Santos a explicar que o homem nasceu na actual vila de Cuba, no Alentejo.
"Whem Thomas Noronha, a professor of history and an expert cryptographer...". Vão achar esta entrada muito familiar. Bom, não interessa, pode ser que acabe em filme lá por terras do Tio Sam.

31/03/08

Já há muito que não escrevia sobre futebol, e só mesmo chateado é que me levaria a fazê-lo. Depois de ver as imagens do jogo entre o M. United e o Aston Villa, com o recém-recuperado de uma mialgia - C. Ronaldo -, e de reparar como ele correu e até marcou um dos mais astonishing* golos da jornada, fico triste por perceber que ele podia ter feito o mesmo pela selecção, na quarta-feira passada conta a Grécia. Mas não fez, a mialgia impediu a sua convocação...
*astonishing significa estonteante. Será?

27/03/08

Recomendações de cinema e de leitura.
A primeira sobre a rainha Elizabete I, filha de Henrique VIII e de Ana Bolena, num filme que explora a sua paixão por Walter Raleigh, o navegador inglês que deu o nome de Virgínia a parte da costa leste do novo mundo. Virgínia, em honra à jovem virgem rainha que se entregou de corpo e alma à pátria inglesa e que continuou a defender a igreja anglicana fundada por seu pai.
Elizabete não chegou a conhecer a mãe, 2.º esposa do luxuriante e impiedoso Henrique VIII, numa lista de 6 consortes... Reza a história que ao descobrir a infelicidade de sua mãe - Ana Bolena -, enquanto esposa do soberano, jurou que nunca seria dominada por um homem. Viveu dividida entre duas facetas: a de simples mulher e a de monarca, tendo prevalecido para a história a da mítica estadista determinada e corajosa que defendeu a Inglaterra das pretensões de Filipe II e da sua terrível Armada, vencendo-a no canal da mancha sob o comando de sir Francis Drake.
Elizabete I é sobretudo, retratada na solidão do topo hierárquico do estado, bem como a corte e as suas aias, os conselheiros e o sistema de informação que controlava os apoiantes da igreja católica romana, encabeçada por Mary Stuart, a rainha da Escócia e pretendente ao trono inglês, aliada de Filipe II - Filipe I de Portugal.
A segunda - o livro, complementa o filme e ajuda, com a narração de Elizabete, a compreeender como Henrique satisfazia os seus desejos e se desfazia das consortes quando já não interessavam; como se desentendeu com outros monarcas, como desafiou o Papa ao pretender anular o casamento por este autorizado em Bula com Catarina de Aragão, a primeira de todas.
Intriga, amor, traição e sangue, portanto. E muito.

24/03/08

Os Fantasmas de Goya - Milos Forman

Este filme aborda acontecimentos importantes da história da Espanha e que vão desde o último bastião da inquisição à restauração da monarquia, após a ocupação das tropas de Napoleão. Um período compreendido entre 1792 a 1807, que é aqui apresentado por Milos Forman (Amadeus) sob o título de Fantasmas de Goya.

Francisco Goya, pintor da corte de Carlos IV, autor de algumas das mais inquietantes e grotescas caricaturas da sociedade madrilena sua contemporânea, está neste filme muito bem retratado nalgumas facetas menos conhecidas, pois é do senso comum associar Goya a pouco mais do que os quadros sobre a população de Madrid opondo-se à entrada das tropas francesas, que imortalizaram o artista. No entanto, Forman não dá à vida de Goya a exclusividade. É mais abrangente, caracteriza com detalhe, sob o ponto de vista histórico, os interrogatórios inquisitórios e o país hipócrita e ignorante, alheado da governação monárquica que na altura imperava.
É nesse alongamento, nessa ânsia de reconstrução histórica que este trabalho apresenta a maior falha, bem como a irresistível colagem ao nome Goya de um filme que dispersa a própria narrativa por vários personagens atribuindo-lhes igual importância.
Um pequeno exemplo: quem é que interpreta Goya? Javier Bardem? Não, enganam-se.
Uma pequena comparação: Frida Kahlo, um excelente filme biográfico da pintora mexicana.
Apesar de tudo, os Fantasmas de Goya são bons para os da "cultura geral", para rever a história da península, sobretudo para recordar que a reconquista de Espanha teve a ajuda de portugueses e ingleses, estes últimos que marcharam na direcção de Madrid a partir de Portugal. Enquanto isso, o irmão de Napoleão decidia frente às galerias do Prado, com base na sua competência artística, quais as obras de arte que iriam mudar de poiso para os museus franceses. Ao que parece, o jardim das delícias de Bosch (El Bosco) foi-lhe indiferente e lá permameneceu para sorte dos espanhóis. Um pequena nota de interesse sobre o desempenho de Natalie Portman como Inês e Alicia - mãe e filha.

19/03/08

Amor em Tempos de Cólera - Gabriel García Marquéz

Uma novela à Gabo agora em cinema. Uma novela que me lembrou Memórias das Minhas Putas Tristes e que nos conduz à inevitável conclusão, ou melhor, àquele lugar-comum de que nunca é tarde para amar e que esse nobre sentimento tudo vence e tudo conquista.
Os apreciadores já sabem que quando se pega numa novela de Garcia Marquéz a história é contada com arte e mestria, que encanta quem lê de princípio ao fim. Neste "Amor", a prosa recai sobre o tema da velhice e dos sentimentos que nessa fase florescem, tal como acontece na puberdade ou na fase adulta. Só que com a pequena grande diferença destes ainda se descobrirem sob a capa de um rosto envelhecido e com rugas. No entanto, tal não significa que não sejam inocentes ou verosímeis, sendo por vezes cruelmente desvalorizados.
Cartagena de Indias, cartas de amor, uma paixão inesgotável entre Florentino Ariza e Fermina Urbino, uma epidemia de cólera que varreu a região no final do séc. XIX e um universo cultural colombiano. São estes os elementos onde assenta esta história rica em ambientes latinos, que vem pela mão de Gabo tomar a forma de mais um romance universal que ajudou a cimentar o realismo fantástico - a síntese do cunho pessoal que Marquéz aplica à escrita.
Resta ver o que nos reserva o filme que Mike Newell realizou com o laureado Javier Bardem, Fernanda Montenegro e Catalino Sandino Moreno (Maria Full of Grace), entre muitos outros actores e actrizes.

As Benevolentes - Jonathan Littell

Escrever com minúcia sobre a crueldade e a violência humana ante o cenário do holocausto da segunda guerra mundial. É no fundo, disto que o livro trata e que eu já percebi na pequena incursão desta longa-metragem de 900 páginas. Haja tempo.
Quanto à opinião sobre o livro e a escrita, posso dizer que o homem "sabe da poda", utiliza bem o seu melhor na narrativa. Reconheço arte no seu ofício, aliada a uma entrega na investigação sobre a história do nazismo e de todo o período em que esteve ao serviço do III Reich. As suas políticas, as suas práticas de execução nos diversos países do leste europeu, contadas de uma forma desconcertante pela panóplia de recursos que o escritor possui. Vale a pena. Vale bem a pena descobrirmos mais uns episódios inéditos, entre tantos outros, do que o homem é capaz de fazer e que escondem por trás mais um punhado de acontecimentos inacreditáveis, hediondos.

18/03/08

Hand-to-hand combat

Anteontem, apanhei o meu filho a jogar este jogo na net...

11/03/08

A ASAE apreende

- A ASAE apreendeu 29 toneladas de peixe podre na Via Infante de Sagres (10 de Março)
- A ASAE apreende 3 toneladas de carne sem condições em Santa Comba Dão (5 de Março)
- A ASAE apreendeu em Matosinhos 4 toneladas de produtos alimentares congelados e 5 toneladas de produtos do mar congelados fora da validade em Peniche (19 de Fevereiro)
- A ASAE aprrende 12 toneladas de produtos à base de carne degradados em Sintra (meados de Janeiro)
... e por aí diante. Ora diga lá outra vez? Quantas toneladas são?

08/03/08

«Evidentemente que uma ditadura séria, sóbria, trabalhadora, não pode passar a via a narcizar-se, a organizar manifestações, desfiles, cerimónias de apoteose. O homem que se isola, heroicamente, no seu gabinete, diante da sua Pátria, para lhe refazer o tesouro, para o cortar de estradas, para o munir de portos, para povoar os mares, para acudir ao desemprego, para renovar a máquina do estado, para limpar e arejar as engrenagens e roldanas, bem merece a gratidão, o respeito, a admiração ferverosa, a devoção dos seus compatriotas (...)
Mas há que não abandonar a fogueira das ideias em marcha... Há que abrir as janelas, de quando em quando, conhecer os homens, saber onde estão os que servem e os que não servem, vir até ao povo, saber o que ele quer, ensinar-lhe o que quer...». António Ferro.

07/03/08

Músicas actuais que valem a pena:

Uma Carta para Garcia - Elbert Hubbard

Será como levar uma mensagem a Garcia.

Realmente a expressão não me era estranha e penso que também não o será a muita gente, no entanto nunca me dei ao trabalho de tentar entender aquilo que verdadeiramente escondia. Mas antes de ir ao seu significado, redescobri que se poderá avaliar a predisposição de uma pessoa para realizar uma determinada tarefa, só pelo tom em que esta retorque quando lhe é solicitada: “…será como levar uma mensagem a Garcia. ” Passo a aprofundar um pouco mais a pequena grande obra em apreço:
Numa noite, Elbert Hubbard em finais do séc. XIX, escreveu de uma assentada um pequeno texto que viria a ser tomado como fonte de inspiração e de incentivo por muitas pessoas e empresas. Tendo até exercido alguma influência no desenvolvimento de algumas sociedades. Estava-se em plena revolução industrial, numa altura que se levantavam as primeiras questões da produtividade com os consequentes conflitos laborais que rapidamente transformavam a matriz comportamental de qualquer sociedade. Consciente das alterações que estavam em curso, a sensibilidade de Elbert há muito que tinha colocado a sua mente em ebulição o suficiente para precipitar uma redacção intempestiva sobre as razões que levam um trabalhador a agir com maior ou menor dinamismo e que viriam a terreiro pela mão de um jornal. A ideia surgiu de uma conversa sobre os heróis da guerra travada em Cuba entre os EUA e Espanha, ao ser recordado o mensageiro Rowan que sem tossir nem mugir, atravessou em 3 semanas a ilha para entregar uma mensagem ao General Garcia. Parágrafo a parágrafo li-a deliciado, tal sapiente exortação. Tem uma escrita clara e requintada mas perigosamente mobilizadora.
O início é ilustrado com o célebre episódio da empresa a que Rowan se submete executar com audácia, diligência e sobretudo sem a questionar. «Mac Kinley deu a Rowan uma carta para ser entregue a Garcia. Rowan pegou na carta e nem sequer perguntou: “Onde é que ele está?”» O que quero sublinhar é o espírito de pessoas como Rowan com quem felizmente já tive e tenho a felicidade de trabalhar, pois delas sorvi um pouco do seu calibre. A minha filosofia de trabalho foi-se alterando à medida que fui aplicando no meu dia a dia este princípio e isso teve inevitáveis reflexos na minha pessoa e no ambiente que me envolve.
No final do texto identifiquei-me com o espírito da mensagem do autor, dirigi-me à fotocopiadora e tratei de o divulgar. Tomara que no nosso país à beira mar plantado (e com temperaturas máximas de Março a rondar os 22º), houvessem mais Rowan´s que agissem com empreendorismo, sem a tacanha contestação que muitos assola e sem o permanente descontentamento que outros enferma.

06/03/08

05/03/08

Tanto Que Eu Não Te disse - Marta Gautier

Romance de aprendizagem de relações. Viver, pensar, sentir, amargurar, recalcar e nada dizer. Não reagir. Não fazer notar àqueles que mais nos dizem o que mais merecem, para o bem ou para o mal. Sobretudo para o bem. E por vezes, o que fica por dizer cria grandes obstáculos nas nossas relações.
É sobre isto que Marta escreve, procurando fazer-nos refletir e mesmo mudar a nossa actuação. É um romance de aprendizagem com aplicação no relacionamento interpessoal - esse grande chavão.
A personagem é uma jovem mulher, que face à idade da autora somos levados a crer que a jovem retratada é ela própria. Talvez o seja, porém experiente psicóloga que é, pode este retrato dirigir-se para algum caso singular com que lidou.
Esta vê a sua vida escondida dos dias luminosos, enfiada na escuridão da sua casa e da sua alma, humedecida invariavelmente pelas lágrimas. A sua auto-estima foi deixada algures no passado. O amor próprio nunca floresceu, nunca exteriorizou o que tinha dentro de si à medida que o tempo passava na convivência de seus pais. Sentia e pensava, por tudo o que ficou por dizer, por todas as discussões que não teve, pela carência de afectos da qual julgou ter padecido. Mas, nunca os pais a deixaram de amar, simplesmente, e ela própria o constata, a educaram como souberam e como julgaram ser melhor. Impedida pela angústia, nunca conseguiu mandar para fora o que tanto a inquietava desde a infância, e só se revelou na idade adulta. Durante as sessões de terapia foi dando conta que culpava os pais pelo seu estado, o que a levou a ter um acto de coragem que exaltou o bem-estar consigo própria. Quando estava a fazer progressos, a aprender a amar o seu ego, a apreciar o dia a dia, a abrir a janela, a arejar o mofo e a sacudir o pó da casa e da sua alma, engravida, e aí, descobre a dificuldade que é ser mãe e conseguir educar uma filha sem que os seus próprios desejos interfiram.

03/03/08

6.ª Alteração ao Regime Jurídico da Urbanização e da Edificação (D.L. 555/99)

Entra hoje em vigor a 6.ª alteração ao D.L.555/99.
Já li e ouvi muita coisa sobre o assunto na comunicação social, falada e escrita. No entanto, nem tudo aquilo que é dito ou escrito se conforma com o espírito da lei que altera o DL 555/99. Algumas delas ouvidas nas rádios e vistas nas tv´s, configuram autênticas balelas. As várias interpretações sucedem-se umas atrás das outras como as cerejas nas conversas de café. Porém, nas alterações que terão consequências quase imediatas na vida do cidadão comum que quer obter aprovação, junto das Câmaras Municipais, da construção do seu barracão ou do seu muro de suporte/vedação, ou seja, obras de escassa relevância urbanística (esse jargão subjectivo), de reconstrução de fachadas ou até obras de construção e/ou ampliação em loteamentos, convém que se clarifique o seguinte:

- O Simplex do eng.º Sócrates tem como bandeira simplificar a vida ao dito cidadão. No entanto, o anúncio do alargamento da isenção de licença a uma série de intervenções urbanísticas não está assim tão agilizado como se pensava e se apregoava. A isenção de licença implica (exceptuando as obras de conservação e pasme-se: as obras de alteração no interior de edifícios, que não impliquem modificações na estrutura, das cérceas, da forma dos telhados e das fachadas) uma comunicação prévia dirigida ao presidente da câmara acompanhada por elementos instrutórios (a definir em portaria), por um termo de responsabilidade, devendo para tal, ser observadas as normas legais e regulamentares aplicáveis, quer ao nível da gestão territorial, quer ao nível das normas técnicas de construção. Ou seja, tem que existir um projecto técnico composto pelas peças escritas e desenhadas que tão bem conhecemos (piscinas inclusive, pois estas também estão dependentes de comunicação prévia à câmara) para instruir devidamente a comunicação prévia - ver n.º 8, do art. 6.º e n.º2, do art.º 35.º

- As intervenções urbanísticas já referidas, que não carecem de comunicação prévia (obras de conservação e as obras de alteração no interior de edifícios, que não impliquem modificações na estrutura, das cérceas, da forma dos telhados e das fachadas), logo não sujeitas ao controlo prévio das câmaras municipais, necessitam de um projecto técnico composto pelas peças que já conhecemos, mesmo que o projecto não tenha que ir à respectiva câmara municipal. E isto para todos os efeitos, sejam eles técnicos ou legais. Por exemplo: um proprietário durante a execução do seu muro de suporte não pode esquecer que está sempre sujeito a uma fiscalização que lhe demande pelo projecto baseado nas normas técnicas de construção. E quem o poderá fazer pode será a câmara, o ISHST (extinto IDICT) ou outros, para verificação do cumprimento das regras de saúde e segurança e para certificação da competência do alvará do empreiteiro executante.

Vide no n.º1 e n.º 3 do art.º 6.º e nºs 1, 2 e 3 do art.º 35, do D.L. 555/99, republicado em 4 de Setembro de 2007, que entra hoje em vigor. Acrescem as portarias complementares que hoje foram publicadas em
Diário de República.

Adenda
: é importante não confundir a nova figura da comunicação prévia (art.º 34) com a informação prévia (art.º 14.º) que já existia e continua a existir. A comunicação prévia surge agora, como se viu, para comunicar à câmara que se pretende realizar uma determinada operação urbanística de menor importância ou inserida num loteamento com regras já definidas, ficando este processo concluído com a sua não-rejeição (ou admissão) – constituindo este um termo novo. O pedido de informação prévia mantém-se como o pedido da viabilidade de uma determinada operação urbanística sem apresentação de qualquer projecto. Todas as restantes operações urbanísticas (não inseridas no conceito daquelas que só é exigida uma comunicação prévia), as de maior importância, portanto, estão sujeitas a licença - [licenciamento camarário] (art.º 18.º).