24/03/08

Os Fantasmas de Goya - Milos Forman

Este filme aborda acontecimentos importantes da história da Espanha e que vão desde o último bastião da inquisição à restauração da monarquia, após a ocupação das tropas de Napoleão. Um período compreendido entre 1792 a 1807, que é aqui apresentado por Milos Forman (Amadeus) sob o título de Fantasmas de Goya.

Francisco Goya, pintor da corte de Carlos IV, autor de algumas das mais inquietantes e grotescas caricaturas da sociedade madrilena sua contemporânea, está neste filme muito bem retratado nalgumas facetas menos conhecidas, pois é do senso comum associar Goya a pouco mais do que os quadros sobre a população de Madrid opondo-se à entrada das tropas francesas, que imortalizaram o artista. No entanto, Forman não dá à vida de Goya a exclusividade. É mais abrangente, caracteriza com detalhe, sob o ponto de vista histórico, os interrogatórios inquisitórios e o país hipócrita e ignorante, alheado da governação monárquica que na altura imperava.
É nesse alongamento, nessa ânsia de reconstrução histórica que este trabalho apresenta a maior falha, bem como a irresistível colagem ao nome Goya de um filme que dispersa a própria narrativa por vários personagens atribuindo-lhes igual importância.
Um pequeno exemplo: quem é que interpreta Goya? Javier Bardem? Não, enganam-se.
Uma pequena comparação: Frida Kahlo, um excelente filme biográfico da pintora mexicana.
Apesar de tudo, os Fantasmas de Goya são bons para os da "cultura geral", para rever a história da península, sobretudo para recordar que a reconquista de Espanha teve a ajuda de portugueses e ingleses, estes últimos que marcharam na direcção de Madrid a partir de Portugal. Enquanto isso, o irmão de Napoleão decidia frente às galerias do Prado, com base na sua competência artística, quais as obras de arte que iriam mudar de poiso para os museus franceses. Ao que parece, o jardim das delícias de Bosch (El Bosco) foi-lhe indiferente e lá permameneceu para sorte dos espanhóis. Um pequena nota de interesse sobre o desempenho de Natalie Portman como Inês e Alicia - mãe e filha.

3 comentários:

Anónimo disse...

Não concordo. O filme pode não estar à altura do Amadeus mas vale bem pelo elenco e pelo enquadramento histórcio.
ZT

Anónimo disse...

Estou de acordo, é para culturistas gerais.

Renato Ladeia França disse...

É um filme interessante, bem situado historicamente, colocando o pintor espanhol envolvido com a turbulência política e religiosa européia. Destaca-se ainda a ótima interpretação de Natalie Portman como mãe e filha. A impressão é que o filme de Milos tem o propósito de mostrar a face mais cruel da inquisição do que necessariamente retratar a vida do pintor espanhol. De qualquer forma o filme vale a pena pelos aspectos citados.