Época das concentrações Motard´s
Imaginar uma concentração de amantes das duas rodas nos anos 50 da América profunda, com motas cobertas de cromados ao estilo "easy rider", evocando rebeldes sem qualquer causa com James Dean à cabeça, personificando a adolescência incompreendida, mal acarinhada, ou a beat generation imortalizada em Pela Estrada Fora, por Jack Kerouac, um símbolo do sonho americano sem quaisquer amarras à velha europa, seria um exercício muito interessante. Ver esssa mescla de gente e de culturas, celebrando mutuamente num só local, dentro desse espírito que marcou os meados do século passado, que me recorde, tal nunca aconteceu, nem me parece que alguma vez seja posssível. No entanto, a ideia permanece no imaginário.
No caso das nossas concentrações motard´s, estas representam, em todos os sucessivos verões, uma reunião massiva de pessoas amantes de motas, mais ou menos organizadas, cuja grande parte faz da mota o seu segundo veículo, envergando aqui coletes personalizados com crachás, bandeiras e brazões identificativos e "curriculares". A tenda de campismo durante os 3 dias de duração converte-se na casa própria (alguns optam por hospedagem corrente), o convívio e as refeições ao ar livre são obrigatórios, sendo esta a faceta de maior importância, quer ao nível social, quer ao nível humanitário, potenciando a capacidade de entre-ajuda e de companheirismo - qualidades em vias de extinção.
Mesmo com inspiração no dito "american way of life", a designação de mototurismo é a mais apropriada para este tipo de encontros, apesar de participantes mais puristas que levam a peito o espírito "Harley Davidson" ou de outros que soltam os instintos mais anarcas. O gosto pelas motos, a liberdade de horários, o contacto directo com a natureza, a troca de vivências e a amizade é que caracterizam este modo de viver a vida, nem que se limite a alguns fins-de-semana durante o ano.
E, mais importante que tudo, as pessoas que aqui convergem são (ou tornam-se) gente simples, de trato fácil, vêm embuídas de benevolência e de camaradagem, valores basilares para cultivar o respeito pelos outros.
2 comentários:
Bem, não sou atraído para essas concentrações, nem sou amante de motas.
Mas, de repente, depois de le ro teu texto, passei a saber muito mais sobre o assunto!
O que mais me fascina é, como dizes, o contacto com a Natureza, e a sensação de liberdade!
Um grande abraço
Se afirmasse que o contacto directo com os elementos da natureza, é a componente que mais me atrai, não estaria a dizer a verdade. São as máquinas, é a sua tecnologia e o design que mais me diz. Nem tanto a velocidade ou a aceleração. Depois disso, vem todo o resto. E a literatura inclusivé, quando se faz camping.
Um grande abraço.
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