17/05/08
02/02/08
23/04/07
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«...SEMPRE FUI UM O’NEILLISTA, confesso. Pelo menos desde quando me atrevi a dizer em público Um adeus português, era ainda um rapazelho, muito verdes anos, a apanhar bonés na vida. E não há-de ser agora, que já palmilho há um bom par de anos a casa dos sessenta, que vou deixar de o ser. Burro velho não aprende línguas, nem vira casacas.
Esta advertência é indispensável para se perceber melhor a grande incomodidade e a imensa desdita de quem vive em «ALUMINIÓPOLIS». Já lá vão mais de vinte anos, o poeta avisou em prosa: «O alumínio está a expandir-se assustadoramente». Mais: «Por estes andares, Lisboa vai ter, não tarda muito, poentes e nascentes de alumínio». Já tem. Todo o país se passou, paulatinamente, para o alumínio. Em sentido real e figurado.
A estética do alumínio, com a sua caixilharia refulgente, saltou do urbanismo e da arquitectura de marquise para a política, a literatura, a música, os jornais, a rádio e a televisão de cordel. O «mau gosto gritante que o alumínio inculca» não é privilégio de mestres-de-obras e edis pragmáticos. É democraticamente partilhado por demagogos de feira, políticos de plástico, escrevinhadores a peso, publicistas a metro, apresentadores à hora, repórteres ao minuto, pantomineiros sem eira nem beira, aves canoras em saldo.
A estética do alumínio aposta a fundo na expressão de realce despropositada. É o frigorífico na sala de jantar com naperon em cima. É a inútil multiplicação de rotundas, cada qual com o seu mamarracho ao centro. É a bossa de camelo incrustada num corpo escorreito, que fica marreco. É o discurso da banha da cobra, que despreza a subtileza. É o riso alarve, que despreza a ironia. É o sonho dos néscios e o pesadelo dos incautos.
«Verdadeiros berros» e «autênticas fífias de alumínio» brotam insidiosamente de inúmeras fachadas, aproveitando todas as «janelas de oportunidade» para se expandirem e encaixilharem as suas marquises no nosso quotidiano de cidadãos desprevenidos. Já se sabe que uma larga maioria gosta e uma curta minoria não. Por isso, a pergunta do poeta lá se vai repetindo com ironia e desalento: «Então não é verdade que estamos kitsch?».
A democracia tem perversidades destas. É como «uma mulher em forma de S, de roupão florido e canteiro de papelotes à cabeça». Se estivesse vestida de papel de jornal «não faria mais restolho». É assim «porque é mais prático e, o que é pior, para tantos e tantos MAIS BONITO», como lamentava O’Neill. Mas também porque assim fica mais barato e é mais lucrativo. Indiferente ao gosto, o que o bezerro de oiro quer é facturar.
O o’neillismo é um pessimismo, como já perceberam. Mas não se confunde com resignação cristã. Mantém a lucidez e a ironia. Chateia-se solenemente. Protesta em voz alta. Indigna-se e não se conforma com a expansão do alumínio, reclamando o recurso a materiais mais nobres. Sem se iludir, todavia, quanto ao futuro da construção civil, dos mestres-de-obras e dos capatazes neste cada vez mais metafórico país encaixilhado em alumínio. Nem, aliás, quanto ao futuro da Pátria, da República, da Europa e do Mundo.
NOTA1: Esta crónica foi escrita para o derradeiro número da Revista «6ª» do «DN», cuja publicação deveria cessar no dia 13 de Abril de 2007, mas, afinal, cessou no passado dia 6 de Abril...»
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Victor Figueiredo
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06/11/06
Shipping and Transport College in Rotterdam

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Victor Figueiredo
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9:53 da manhã
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12/10/06
Feira CONCRETA - Porto 24/10 a 28/10
CONCRETA 2006 - 22.ª Feira Internacional de Materiais de Construção e Obras Públicas
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Victor Figueiredo
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17/09/06
Sir Norman Foster
Na última edição da Sábado, já nas últimas páginas, apareceu-me pela fronte o seguinte título:
Como dar vida ao mar Morto – A salvação do mar Morto está nas mãos do arquitecto britânico Norman Foster. O projecto pode ajudar à paz no Médio Oriente.
Depois de ler a peça, que me suscitou algumas exclamações, constato que, para além de do artigo onde o profissional de jornalismo entra em campos estranhos à sua actividade, faz a sublimação do arquitecto como se fosse um salvador superveniente na resolução do conflito.
E isso é sustentado apenas nas seguintes observações:
- Sir Foster vai, ao que parece, estudar a construção de vários canais e oleodutos que transportarão a água do mar Vermelho ao mar Morto cujo nível baixou cerca de 20m nos últimos anos devido ao regadio permanente de culturas agrícolas de Israel, Jordânia e Palestina. Foster, num exercício fora da actividade da arquitectura, dá o seu nome à concepção de um sistema de adução e compensação eminentemente técnico e por seu turno muito complexo.
- Sir Foster, irá dar resposta a uma série de problemas nos domínios da engenharia, do ambiente, da economia, da biologia e da química, no mínimo – se me escapou algum sector ajudem-me que eu agradeço!
- Sir Foster, denota aparentemente ter competências para a resolução deste projecto, tal como outros que está a resolver, a título de exemplo o projecto imobiliário da Boavista, em Lisboa, sinal inequívoco do seu curriculum para compreendermos melhor a sua escolha para este estudo do mar Morto;
- Sir Foster irá apresentar uma proposta, que segundo o jornalista, para garantir os níveis hidrográficos normais do mar Morto, a água será “bombeada”, a partir do mar Vermelho, colina acima e depois “libertada” colina abaixo (!) - reparem na simplicidade do vocabulário.
- A Sir Foster não ocorrerá que os empreendimentos turísticos da região (!), procurados pelas águas ricas em minerais e famosas pelas suas propriedades terapêuticas, nunca serão compensados pelas águas do mar Vermelho, mesmo com a “fábrica dessalinizadora” a montante do mar Morto, ou seja, parece-me que tal projecto nunca irá repor os índices de confiança no turismo, e sobretudo, nunca irá repor a estrutura biológica e o ecossistema do mar Morto.
- A Sir Foster não ocorrerá, também, que esses canais percorrem a mesma distância entre o mar Vermelho e o Mar Mediterrâneo, sendo inequivocamente preferível irrigar a partir do Mediterrâneo os ditos campos agrícolas, do que ir buscar uma compensação de água salgada par o mar Morto? Não colocando em causa o equilíbrio ecológico e o nível de agua do mar Morto?!
Ou a Sir Foster interessará mais o facto de o vice-primeiro ministro de Israel, Shimon Peres - elevando o arquitecto aos píncaros - ter dito que acredita que o projecto pode ser um empurrão para o processo de paz no médio oriente, mesmo empurrando o mar Morto para a sua morte anunciada?
Para quem tenha dúvidas, leiam o artigo na Sábado – pág. 96- e confiram, em meia página escrita, sobre o magnífico empurrão para o processo de paz.
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Victor Figueiredo
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3:58 da tarde
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14/07/06
Magnífico Edifício
Este tipo de obras são tecnicamente muito complexas porque são feitas sob a constante ameaça de alteração do desempenho estrutural do edifício existente. As técnicas utilizadas na contenção de terras, têm que contar com o imprevisível comportamento dos solos de fundação, pois estes passaram décadas a fio, comprimidos, e de um momento para o outro, com esta escavação para as caves, cessou a sua compressão, originando eventual falta de apoio nas fundações.
É, por estes aspectos, uma magnífica obra de engenharia, que exige um planeamento extremamemte exigente em articulação com a equipa de arquitectura, ou seja, todo o estudo seja ele arquitectónico ou de engenharia, terá que ser feito a montante em estreita colaboração. Posteriormente, durante a obra, no fundo o que interessa, todos os trabalhos de contenção periférica de terras, são importantíssimos, de forma a cumprir as premissas do projecto previamente concebidas, observando simultaneamente, todas as regras de segurança para um prazo estabelecido pelo dono da obra, que com certeza deve ser curto.
Mais um edifício da envergadura do "Atrium Saldanha", que com certeza não passará despercebido ao Prémio Secil.
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Victor Figueiredo
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11:38 da tarde
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