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22/06/08

Um Vintage - Um Bom ano, de Ridley Scott

Os simples prazeres da vida, a terra, as recordações de uma infância feliz, a escolha entre o autêntico e o artificial. Este, apesar dos clichés, é um daqueles filmes que merece ser visto pela excelente fotografia. Encontra-se prazer nos sítios mais inesperados. La Provence no sul de França pode ser um desses sítios, graças aos seus vinhedos, aos "châteaux", ao Mistral, à gastronomia francesa e a pequenas e encantadoras "villes" como Gordes, cuja foto se exibe no título deste blogue. Por momentos lembrei-me do "Bonjour Tristesse" da F. Sagan cujo cenário da "Côte d´Azur" é bem perto.
Nota: figura ao lado - quadro a óleo de Van Gogh Road With Cypress and Star - Rijksmuseum Kroller-Muller, Otterlo.

22/04/08

Blade Runner - A Rever

Na altura em que o vi, nos anos oitenta, para além de ainda não possuir grande sensibilidade para as artes, pouco ou nada sabia de cinema devido ao meio onde cresci. A cidade, durante muitos anos, só teve uma sala, e os vídeos não existiam, como tal, cinema só mesmo na televisão. Mas, apesar de existir somente o canal público, filmes, havia-os 2 vezes por semana: à quarta e ao sábado à noite.
No entanto, Blade Runner - Perigo Eminente -, marcou-me imenso pois acabei por descobrir na tela a verosímel possibilidade da clonagem de seres humanos, do homem no papel do criador. E, acima de tudo, a sensação de que muitas tecnologias estavam tão próximas, que era uma questão de anos e que em breve estaríamos a experimentá-las.
Todo esse futuro próximo, é apresentado no filme de Ridley Scott em atmosferas urbanas, decadentes e belas, de personagens bizarras, recriando visualmente o estilo dos mestres da literatura de ficção científica - Philip K. Dick, o autor do livro onde Scott foi beber. Contudo, as imagens, sobretudo as da última cena com Rutger Hauer - o Replicant -, recordam quão efémeros e pequenos nós somos no meio da imensidão do universo. E tão poucas vezes nos lembramos disso.
Estas lembranças sobre um dos filmes do meu top 10, veio a propósito disto.

24/03/08

Os Fantasmas de Goya - Milos Forman

Este filme aborda acontecimentos importantes da história da Espanha e que vão desde o último bastião da inquisição à restauração da monarquia, após a ocupação das tropas de Napoleão. Um período compreendido entre 1792 a 1807, que é aqui apresentado por Milos Forman (Amadeus) sob o título de Fantasmas de Goya.

Francisco Goya, pintor da corte de Carlos IV, autor de algumas das mais inquietantes e grotescas caricaturas da sociedade madrilena sua contemporânea, está neste filme muito bem retratado nalgumas facetas menos conhecidas, pois é do senso comum associar Goya a pouco mais do que os quadros sobre a população de Madrid opondo-se à entrada das tropas francesas, que imortalizaram o artista. No entanto, Forman não dá à vida de Goya a exclusividade. É mais abrangente, caracteriza com detalhe, sob o ponto de vista histórico, os interrogatórios inquisitórios e o país hipócrita e ignorante, alheado da governação monárquica que na altura imperava.
É nesse alongamento, nessa ânsia de reconstrução histórica que este trabalho apresenta a maior falha, bem como a irresistível colagem ao nome Goya de um filme que dispersa a própria narrativa por vários personagens atribuindo-lhes igual importância.
Um pequeno exemplo: quem é que interpreta Goya? Javier Bardem? Não, enganam-se.
Uma pequena comparação: Frida Kahlo, um excelente filme biográfico da pintora mexicana.
Apesar de tudo, os Fantasmas de Goya são bons para os da "cultura geral", para rever a história da península, sobretudo para recordar que a reconquista de Espanha teve a ajuda de portugueses e ingleses, estes últimos que marcharam na direcção de Madrid a partir de Portugal. Enquanto isso, o irmão de Napoleão decidia frente às galerias do Prado, com base na sua competência artística, quais as obras de arte que iriam mudar de poiso para os museus franceses. Ao que parece, o jardim das delícias de Bosch (El Bosco) foi-lhe indiferente e lá permameneceu para sorte dos espanhóis. Um pequena nota de interesse sobre o desempenho de Natalie Portman como Inês e Alicia - mãe e filha.

11/12/07

O senador Cruise

Tom Cruise está a ficar velho: já aceita papéis como senador norte-americano.
A genica, a dinâmica e os ideais de Cruise, sempre se adequaram a personagens de acção, tanto verbal como corporal que ele soube encarnar por diversas vezes. Piloto, advogado, agente-secreto, "sports agent", vilão, samurai, menino-rico, etc... Ou seja, figuras que não simbolizam o poder político. As que lhe assentam que nem uma luva, desde sempre, foram as que desempenhou em Magnolia, e em Uma Questão de Honra, a meu ver.

Agora reaparece em Lions for Lambs como senador. A idade não perdoa, ou será que não? O melhor é ver mesmo qual o tipo de político que Tom Cruise tem para nos oferecer.

07/12/07

A Bússola Dourada

Quando se procura alcançar pela mesma fórmula o sucesso e o prestígio de filmes sobre o fantástico como O Senhor dos Anéis, o resultado converge facililmente para o falhanço retumbante.
Fui vê-lo e não aconselho a ninguém.

A Eragon sucedeu o mesmo e n´As Crónicas de Nárnia o resultado ficou aquém do esperado, não fosse a fantasia recriada a partir do livro de C.S. Lewis, no qual se baseou.

A clientela deste género não se compadece com uma caracterização inconsistente, um ritmo lento com desnecessárias delongas em ambientes colegiais de inspiração britânica e finais pouco sérios prenunciando sequelas.

Há muito de déja-vu neste filme e das duas, uma: ou o conto de Philip Pullman não é facilmente adaptável a filmes de forte pendor visual, ou a realização escolheu o caminho errado para a sua transposição.
E depois vemos talentos como Jeremy Irons (Eragon) e Nicole Kidman a esbanjarem as suas pérolas por chão infecundo, por mais que apareçam bússolas nos Corn Flakes e nos Happy Meal´s.

01/10/07

Paris Je T´Aime

Realizador: Vários (Gus Van Sant, Alfonso Cuáron, Joel Coen, Walter Salles, Alexander paine, Wes Craven, etc...)
Actores: Seteve Buscemi, Juliette Binoche, Nick Nolte, Willem Dafoe, Natalie Portman, Bob Hoskins, Gena Rowlands, Rufus Sewell, Emily Mortimer, Gérard Dépardieu, Ben Gazzara, Ludvine Sagnier, Fanny Ardant, etc...
Ano:2006
Classificação: Excepcional


Vi-o num dia destes à noite, até altas horas da madrugada. Não se trata de um filme convencional, mas de um encadeamento de histórias distintas com personagens e atmosferas diferentes. São todas rodadas em Paris, cada uma com 5 a 6 minutos e dirigidas por um leque de realizadores internacionais – “c´est un film colectif”. Tal e qual como um livro de contos ou fábulas de vários autores, onde cada um discorre sobre o mesmo tema na sua curta-metragem. Muitos deles são episódios insólitos, alguns com um realismo aceitável, outros inverosímeis ou hiperbolizados, mas a arte destes génios da câmara, aviva e alerta a mente por vezes de forma tão simples e singela, sobre o que significa viver num amontoado de edifícios monumentais ou periféricos, entre 10 ou 12 milhões de pessoas, realçando as suas consequências, sobretudo as intolerâncias do cidadão para com a comunidade retalhada.

Falado maioritariamente na língua de Truffaut, apresenta uma ou outra história em inglês que com certeza não iria agradar ao ex-presidente Chirac. Repetindo uma das deixas que ainda ecoam na cabeça: “Podias falar em françês, uma vez que estamos em Paris”, retorquiu Ludivine Sagnier a Nick Nolte, em Parc Monceau.
Assim interpretei o filme, à mistura de um cheirinho forte da cidade luz ou da cidade do amor, com todo o seu misticismo e encanto arquitectónico tão próprios, tal como o é o seu cosmos que abraça um sem número de raças, credos e estilos de vida, talvez só superado, na Europa, por Londres. Voltando à componente social, muito bem representada, fala-se da dualidade entre franceses e emigrantes, estes últimos magrebinos, árabes, asiáticos e sul-americanos confinados quase sempre, às periferias da memória urbanas num tom cinzento que o betão galopante confere.

É claro que o retrato de uma cidade como Paris, mesmo quando filmada pelos mais jovens realizadores deste lote, vem sempre carregado de emoção e nostalgia. Tal seria impossível de evitar porque em qualquer enquadramento a cidade revela sempre um retalho de uma fachada ornamentada a pedra calcárea, ou o traço das ruas com o equilíbrio geométrico de Haussman, ou uma placa do metro sugerindo a Art Nouveau da Belle Époque, encimados pelo raio de luz giratório emanado da Torre Eiffel ao som de um acordeão.
O meu imaginário desta cidade foi, e é, sobretudo romântico. Penso que nunca deixará de o ser, por isso concluo que Paris não muda, jamais estará diferente da última vez que a vimos... Os amantes terão sempre a sua Paris, como sentenciou Humphrey Bogart a Ingrid Bergman em Casablanca. Esta semana, se Deus ou o Diabo quiserem, vou cultivar esta minha admiração à cidade que Von Choltitz poupou da destruição na 2.ª guerra mundial, como bem me recordou o Cazento.
Place des Victoires de Nobuhiro Suwa, Père-Lachaise de Wes Craven e Place de Fêtes de Oliver Schmitz, das 18 peças, estas foram as minhas preferidas.

28/09/07

Paris é Uma festa

Paris, primeiro avanço.

A pesquisar se vai entendendo o porquê das coisas, peça a peça. Em 1955, o jornalista Garcia Marquez, foi enviado à Europa pelo jornal colombiano El Espectador. No ano seguinte, com o jornal fechado pelo governo, exila-se em Paris e experimenta um período com muitos problemas financeiros. Foram tempos difíceis, onde ensaiou e amargou a vida do artista sem rendas, dependendo apenas de "milagres quotidianos" que lhe garantiam alguns francos, mas que lhe fomentaram uma das fases mais produtivas enquanto escritor. Saem para o papel Os funerais da Mamã Grande e
Ninguém Escreve ao Coronel. Este último, escrito e reescrito inúmeras vezes durante esse ano na cidade luz, relata uma história latino-americana de um Coronel reformado e de sua mulher asmática, que religiosamente, todas as sextas-feiras, se apresenta nos correios expectando a chegada da prometida reforma. Enquanto a dita não passa de promessa, percorremos uma fantástica viagem literária de peripécias que tentam afastar a miséria e dar algum sentido à vida. Deve ter sido o que o desafortunado colombiano passou nesse ano em Paris, como contou acerca dos dias a fio em que descia as mesmas escadas até ao correio aguardando ansiosamente a correspondência de Bogotá. O mesmo ano em que Marquéz e a mulher mediaram as crises conjugais do casal Vargas Llosa e que lhe valeram, tempos depois, um valente soco em cheio no olho esquerdo, do colega peruano.
Dos tempos de Paris o resultado quedou-se nesse brilhante retrato da velhice e da burocracia sul-americana: Ninguém Escreve ao Coronel, adaptado também ao cinema em 1999, por Arturo Ripstein.

Isto a propósito da influência que a capital francesa e a sua cultura exerceu sobre mais um escritor, entre tantos outros estrangeiros, Eça, Hemingway ou Vila-Matas...

Só passei uns dias em Paris, em 1994, mas após essa estadia já viajei até aos seus bairros e às margens do Sena por várias vezes. Ainda há pouco aí fui pelas páginas do Fio de navalha de Maughan ou pelas curtas metragens de Paris Je T´Aime. Vamos ver que dias me esperam. Molhados, seguramente. Mas, até lá, segue-se Paris Nunca Se Acaba de Henrique Vila-Matas nos anos setenta.

À Nuit Blanche de Paris, vou falhá-la por um dia, quem diria. Semelhante àquela que se realizou em Madrid, além do mais até por ser a noite original conceptual, a Nuit Blanche é uma noite em que não se dorme por esta oferecer inúmeros espectáculos de rua e por ter os museus e outros estabelecimentos públicos abertos, para que os naturais, e eventuais turistas, possam desfrutar destas actividades, eventos e exposições artísticas de forma contínua e grátis. Pede-se somente a São Pedro que não chova. Nem é preciso sol, basta o bom tempo.

19/09/07

O Leopardo, Luchino Visconti

"Então, quando estiver a morrer o quadro vai ser este? Nunca imaginaria." Estas palavras proferidas pelo personagem central do filme acabaram por me deixar uma marca, enquanto este, contemplativo, olhava para o quadro ao alto meditando sobre a morte.
O Leopardo [Il Gattopardo] passou no Gallery numa destas sextas-feira à hora do meu jantar. Baseado no romance de Giuseppe Tomasi de Lampedusa, incluído na antiga colecção da Visão, a sua adaptação ao cine sempre me intrigou devido às inúmeras e elogiosas referências feitas aqui e acolá.
O enredo move-se em torno de 4 personagens: o Príncipe Don Fabrizio Salina (Burt Lancaster), Tancredi Falconeri (Alain delon), seu sobrinho, Angélica Sedara (Cláudia Cardinale) e Don Cagolero Sedara (Paollo Stopa), pai desta. O personagem principal, Don Fabrizio, é interpretado por um nova-iorquino - Burt Lancaster -, proveniente da mesma cepa de Kirk Douglas. Ora, para um actor com origem na escola americana, seria, à partida, difícil de encarnar um príncipe siciliano.
Porém, depois de perceber o intuito do realizador com este filme, digo que Lancaster foi magistral.
Nas cerca de 2 horas e meia de retrato da conturbada época da unificação italiana, Visconti escolhe o cenário da Sicília, sintetizando nesse local a grande transformação social que o século XIX trouxe à Itália e à Europa e que implicou uma aproximação entre as classes sociais seculares. Por um lado a nobreza aristocrática detentora de um patamar elevado onde subjaz o poder e a tradição, por outro a Burguesia emergente e endinheirada, ávida pela ascensão. Digamos, que no Príncipe de Salina está concentrada a linhagem nobre decadente do final do século, e a Burguesia ambiciosa é representada por Don Cagolero.

O Príncipe, homem sábio, pressente os ventos de mudança que passam e marcam com melancolia um semblante já de si altivo e solene. Lancaster soube construir de forma exímia o Príncipe siciliano. Ao Óscar que o filme arrecadou deveria juntar-se o de melhor actor principal.
O golpe final dessa aproximação entre classes, sobressai simbolicamente no episódio do baile final, onde o Príncipe abre a noite ao dançar com Angélica, noiva de seu sobrinho. Salina rende-se à inevitabilidade. Aqui distinguem-se duas cedências, a primeira à importância galopante do poder burguês, e a segunda à beleza ímpar com quem Falconeri desposará - Cláudia Cardinale. Interessantes estas duas perspectivas, que conduzem a uma reflexão. A nobreza de porte fino e fleumático de mão dada à classe média sedutora e bela, sem no entanto conseguir esconder o deslumbre. Fabrizio Salina aceita o desposo do sobrinho, e assim corrompe e é corrompido, é útil e agradável*.
Paralelamente, tentei captar algo que me levasse a entender os porquês da origem da "cosa nostra" siciliana. À partida não tive grande sucesso, pois as atitudes expressas na recusa do Príncipe em ingressar no novo governo nascido do movimento militar levada a cabo por Vittorio Emanuele II, significam o desencanto do Leopardo perante o rumo que o seu mundo levava. Do velho para o novo mundo. Mas não estará aqui algum sinal sobre o futuro, neste virar de costas da aristocracia siciliana, numa ilha árida e pobre, isolada do resto da península agora em reestruturação?
O baile termina e o filme também. Alguma coisa mudou para tudo ficar na mesma (diz a frase inicial do livro)*.
Dois conselhos: a leitura do livro e o visionamento do filme.

15/07/07

Nem tudo o que parece, é.

Antes de zarpar para o outro rectângulo transversal, lá no sul, lembrei-me deste filme rodado na costa mediterrênica francesa. De comum nem o mar têm, nem os turistas que aí se apresentam. Apenas a época estival, o azul da piscina e o elástico do fato de banho. As ilações estão à disposição. It´s crime time.
Para rever, portanto.

Adenda: por falar nesse rectangulozinho, que é a região do Algarve, cada vez mais se assemelha a um cartaz de publicidade onde o que reluz são apenas as bordas, como aqueles anúncios de néon cor-de-rosa, verde-shock ou amarelo ranhoca. Tudo o que está no interior do rectângulo é ignorado, ninguém olha para o que lá está. Ao ser atravessado de carro faz parecer um mergulho feito entre duas bolsas de ar. Parece completamente abandonado, no entanto é Algarve, também.
Li, no outro dia, uma crónica de má ventura que falava desse interior algarvio desértico, da serra de Monchique, onde nem as actividades dos antigos, que se tornaram tradições e meios de sobrevivência, são deixadas em paz pela ASAE. Tratava-se da fiscalização do fabrico das aguardentes de medronho das serras algarvias, ainda levado a cabo pelos velhotes nas suas intrínsecas e imensas sabedoria e paciência. Contou-se que um desses idosos, após o veículo da ASAE ter abandonado o monte, pegou numa corda e deitou-a ao pescoço. Morreu.
É triste.
Do Algarve, este ano, só levo o sabor da água quente, das falésias e do queijo de figo.

03/07/07

The Curse of James Dean´s Porsche

Basta de coisas tão sérias e tão carrancudas. Apesar da teimosia das nuvens, no último fim de semana o verão deu mostras do que vai valer este ano e do que a estação vai trazer : calor com ou sem onda. Se é ou não, a ver vamos.
Estamos, portanto, a entrar na época em que os "convertibles" começam a sair das garagens para o asfalto. É tempo para colocar o "coração ao alto", como tão bem dizem os meus amigos. O que se leva desta vida, afinal?

Por falar em "cabrio´s", de vez em quando dou um pulo à leiloeira nacional mais conhecida, onde na página de apresentação saltam aos olhos, pelo menos, 2 a 3 automóveis em destaque. Há pouco, fui à dita leiloeira e dei de caras com um Porsche 356 Speedster Cabrio, réplica construída em 2000, com um motor VW 1640cm3.

Lembrei-me logo, das linhas semelhantes do carro, ou melhor, do último carro que James Dean conduziu - um Porsche Spyder 1955. Um belo bólide para a altura, prateado, rápido e maneirinho. Mas, ao que parece, devido à leveza os seus predicados ficavam por aí, apesar de se tratar de uma série especial com somente 90 unidades construídas.

Jimmy Dean foi avisado por alguns amigos que conheciam o modelo e que pressentiam algo de errado com a máquina. Contudo, Dean, apaixonado pela condução e corredor bastante experimentado, já se tinha inscrito nas corridas de Salinas, desse ano.
Ao dirigir-se, numa estrada nacional da Califórnia, para a zona de Salinas, ao lado do seu mecânico, faria nesse percurso a última viagem ao volante daquela seta prateada, carinhosamente apelidada por "little bastard".

Estas imagens trazem-me sempre à memória um documentário que vi sobre a vida do actor James Dean, que apenas fez 3 filmes (A Leste do Paraíso, Fúria de Viver e O Gigante), referindo o apresentador que neste acidente mortal se tinham perdido dois excelentes actores: James Dean e Marlo Brando, doravante sem rival.

A história da vida de Jimmy Dean, tantas e tantas vezes contada até se tornar no mito da jovem promessa de Hollywood que perdeu a vida aos 24 anos, vem complementar, em certa medida, a ideia com que iniciei o texto. No entanto, sem querer moralizar esta oportunidade, faço dela um pequeno momento de reflexão, para que relembremos que na estrada e mesmo ao volante de um excelente automóvel, nem sempre tudo são rosas. Que o episódio do acidente de James Dean seja lido para sejam retiraradas as devidas conclusões.
A satisfação de possuir um carro que se goste, a segurança, a boa disposição e a sorte, são a fórmula perfeita.

08/06/07

Grandes entradas

O homem que disse "prefiro ter sorte a ser bom"...,
entendeu profundamente o significado da vida.
As pessoas temem ver como grande parte da vida
depende da sorte.
É assustador pensar que boa parte dela foge
do nosso controle.
Há momentos em que num jogo, a bola bate no topo da rede.
E por um segundo ela pode ir para o outro lado,
ou voltar.
Com sorte, ela cai do outro lado e você ganha.
Ou talvez não caia e você perde.

23/04/07

Alice

Alice a passar na RTP1 com bolinha vermelha!
Porque carga de água?

PS - filme recomendado, para quem nunca viu a capital transfigurada para um lugar lúgubre e cinzento, mesmo em dias de sol. Interpretações extraordinárias de Nuno Lopes e Beatriz Batarda. Música de Bernardo Sasseti. Baseado na história real do Rui Pedro - o menino de Lousada que desapareceu em 1998.

16/04/07

300

300 espartanos a defenderem a Grécia Antiga, nas portas do inferno-Grécia Central, contra a invasão persa. 300 against one million - reza a propaganda de cartaz!
Segundo historiou Heródoto, foram 300 guerreiros espartanos extremamente bem treinados apoiados por 7000 soldados de outras cidades-estado helénicas, contra os exércitos persas de Xerxes, provavelmente com cerca de 1/4 de milhão de soldados.
Este "300" traz-nos a visão gráfica e pouco clássica de Zack Snyder e de Frank Miller (Sin City). Pela foto ao lado fica-se com uma idéia dos cenários que vamos apanhar durante as duas horas da reprodução/recriação da célebre Batalha das Termópilas - sim, o feito épico do rei Leónidas que travou durante alguns dias o avanço persa.
Eu gostei, apesar de se ver muita fantasia digital, rock pesado, muito músculo e pouco argumento - nota 13 em 20.

06/03/07

os óscares ainda: lembrando a "Primavera" de Botticelli


Numa ideia que faz lembrar o clássico quadro de Botticelli - "Primavera", pela pose das musas de hollywood, depois do último post, aqui fica mais uma foto de hollywoodland. [vanityfair.com]
Julianne Moore, Jennifer Connelly, Gwyneth Paltrow, Naomi Watts, Salma Hayek, Jennifer Aniston, Kirsten Dunst, Diane Lane, Lucy Liu, Hilary Swank, Alison Lohman, Scarlett Johansson, and Maggie Gyllenhaal.

28/02/07

heaven, i´m in heaven...

Jennifer Jason Leigh, Uma Thurman, Nicole Kidman, Patricia Arquette, Linda Fiorentino, Gwyneth Paltrow, Sarah Jessica Parker, Julianne Moore, Angela Bassett, and Sandra Bullock, em 1995. retirado daqui.

Os Óscares

Vi a cerimónia toda, pela 1.ª vez, o que me custou uma noite de 3 horas de sono e umas olheiras no dia seguinte.
Do espectáculo, procuro varrer da memória, a entrada das estrelas pelo tapete vermelho, umas mais anafadas, outras mais tísicas, outras mais empalhadas, etc... Não sei porquê, mas prefiro vê-las no palco. Gostei também, e muito, da apresentadora – Ellen - que sem grandes vénias e sem grandes tretas, se moveu por entre as constelações, entrevistando-as nos bastidores, ou até, de surpresa, nas escadas da plateia como se fosse um encontro casual no supermercado. Adorei aquela cena do aspirador que limpou o tapete da 1.ª fila, e quase levava os folhos do “Versace” da Penelope…

Quanto aos prémios, um dos favoritos da noite - "Babel" -, foi, a meu ver, premiado o suficiente. Um Óscar para a melhor música original, um dos aspectos que mais me agradaram do filme – o tom inspirado nos acordes mexicanos de viola. O filme não veio para ficar; e rapidamente vou esquecer as curiosas fatalidades ao jeito de Inarritu, que já conhecia de “21 gramas”.

“The Departed” levou os Óscares da noite. Vi a fita e não me pareceu que Scorsese, merecesse os dois. Talvez somente pela melhor realização, para dourar uma carreira altamente influenciada pelo cinema italiano, onde realizou imorredouros filmes como “O touro enraivecido”, “A última tentação de Cristo” ou “Tudo bons rapazes”.
Pelo que li, o título de melhor filme assentaria bem a “A rainha” ou a “Cartas de Iwo Jima”.

Mas as decisões da Academia são sempre surpreendentes, porque se a tese de premiar carreiras fosse critério, também Forest Whitaker perderia para Peter O´Toole no Óscar para melhor actor. O irlandês que interpretou “Lawrence da Arábia”, regressou a Londres, onde vive, apenas com a glória da nomeação, mas sem qualquer estatueta.

O homem do momento, novamente, a meu ver, é Clint Eastwood. Actor, realizador e compositor, este homem irradia arte e muito talento, também. Só nesta temporada, de um fôlego só, realizou 2 filmes que versam sobre a 2.ª guerra mundial e sobre o mesmo local. Um na perspectiva do lado americano – “The Flags of our fathers” e outro: “Letters from Iwo Jima”, na perspectiva do lado japonês. Este último, acredito que seja um filme fascinante de um excelente cineasta, que com 77 anos, no pico da carreira como realizador, dará seguramente, com a sua seriedade e lucidez habituais, uma visibilidade e uma interpretação até hoje estranha ao cinema americano, sobre os heróis japoneses da guerra do pacífico.

06/10/06

World Trade Center


Não é costume falhar um filme de Oliver Stone ainda em cartaz. Mas, conhecendo o tema, e com esta injecção dos media em torno do September eleven, quase que desisti.
No entanto fui, e estou satisfeito com o que vi.

Apesar da polémica gerada devido à ainda fresca memória dos acontecimentos, a meu ver, este filme não irá contribuir mais para aprofundar os traumas da tragédia, do que as demais peças que gratuitamente passam nas tv´s. Pelo contrário, “World Trade Center”, vem, numa época em que o terrorismo lavra por todo o mundo, sublimar e homenagear, tanto quanto as cerimónias oficiais o fazem, as virtudes que se elevam no ser humano: a força, a coragem e a fraternidade. Só que neste caso, estamos a falar do veículo universal cinematográfico, sendo este e o “Vôo 93” os pioneiros no relato dos acontecimentos de 11/9.
Esta representação não vem à tela como mais um documentário sobre o colapso de duas torres, com aviões a despenhar-se e nuvens de fumo e pó. Nada disso; não há uma única imagem de um avião.
A dimensão trágica colectiva é sentida mas não é dramatizada; é a tentativa de nos dar o real concentrado nas emoções e instintos do ser humano.

As repercussões sociais, económicas e de política externa, do pós 11 de Setembro, são totalmente postas de lado pelo filme. Por estes motivos, não é, nem nunca será, um épico que pretenda entrar para a história a partir da história do fatídico dia.

Oliver Stone, narra-nos simplesmente, a história de uma corporação da polícia que saiu em socorro dos ocupantes do "World Trade Center", entre 40 a 50 mil, naquele dia. Depois, pega nos 2 últimos sobreviventes e mostra as suas vidas como homens comuns que tipificam o americano médio, e constrói, evitando os clichés desgastados nas tv´s, as suas intervenções nas torres desde a primeira colisão até à entrada no hospital depois de resgatados.

A ideia é materializada em banais diálogos entre os dois, no meio dos escombros que acentuam a angústia e fazem crescer a dor ao pressentirem que a vida se esgota, e que muito ficou por dizer e por fazer. Surge a remissão que qualquer mortal sentiria. O sentimento colectivo do dever de ajuda e o espírito de missão, são também protagonistas, onde figura o “marine retirado” símbolo desses valores na incessante procura de sobreviventes no “ground zero”.

Exceptuando essa aparição do "marine" que dá arranque às buscas sem motivo aparente, só e pelos próprios meios, não há lugar a patriotismos exacerbados que possam estimular o antiamericanismo e o cinema que se apoia neste.

É sublinhado sem embustes, o que é mais importante: o sentimento espontâneo do ser humano de cara lavada, sem qualquer maquilhagem, naquele ambiente adverso. É muito real; pois é. Pode tornar-se aborrecido perto de uma hora de filme no meio dos escombros; pois pode. Mas este dia, em que morreram 2800 pessoas em escritórios de empresas de todo o mundo, merecia outra coisa?

04/10/06

Os Amish


Esta semana, por trágicos motivos, sucedeu às comunidades Amish aquilo que estas mais receiam: serem notícia aos olhos do mundo.
O mundo voltou então a recordar os Amish, como aqueles que vivendo em território norte-americano, renunciaram a toda a tecnologia desenvolvida desde o início do séc: XVIII, subsistindo somente da agricultura e o artesanato.

Desligados do que os rodeia, suspensos no tempo como se levassem a preceito a mensagem de Eça em "A Cidade e As Serras", sátira ao culto da máquina e da tecnologia, uma comunidade Amish da Pensilvânia, viu na passada segunda-feira, a paz e a disciplina rotineiras, serem quebradas por um motorista ao entrar numa escola e fazer 11 reféns femininos. Cinco foram mortas, para a seguir o autor se suicidar.

Vem ao caso um filme já antigo, e que faz um excepcional retrato destes grupos Amish: “A Testemunha”, com Harrison Ford na sua melhor forma, em meados dos anos 80. A história tem início numa estação ferroviária de uma grande cidade, onde uma mãe e o pequeno filho, ambos Amish, num ambiente estranho ao da sua fechada comunidade, apanham um comboio para outro destino. O rapaz ao utilizar a casa de banho, quando menos espera, assiste no interior como única testemunha, a um brutal homicídio. Harrison Ford surge como o investigador policial, e vem a descobrir no local, sinais da presença de mais alguém para além dos actores do crime. A narrativa começa então na busca dessa testemunha, levando-nos a conhecer o fascinante e oculto mundo dos Amish, com todas as suas tradições e costumes, num clima de uma sociedade rural em coexistência pacífica, cultivando religiosamente entre outros valores, a fraternidade e a humildade, rejeitando o individualismo.

Por mais voltas que se dêem para entendermos as causas dos Amish, conclui-se que é também por esse pacifismo e segurança contra as agressões de uma sociedade violenta, que estes escolheram um modo de vida de recolha circunscrita. Não deixa por esse motivo, de suscitar estranheza e perplexidade que um dos mais horrendos crimes em estabelecimentos de ensino nestes últimos anos, tenha agora sido praticado numa escola Amish.
Estará alguém a salvo destes pequenos monstros da sociedade? Pueril pergunta…
O filme? "Excelente" ocasião para o rever.

18/09/06

Grandes Filmes para Grandes Leitores (!)

Valeu a pena rever estes dois bons filmes: Lost in Translation (1) e Traffic (2):
1 - As surpreendentes coisas simples que despontam em lugares estranhos com pessoas estranhas, com uma naturalidade também surpreendente, gerando sentimentos cuja tradução ou explicação em palavras é difícil, ou não existe. Sentem-se, suscitam emoções, e é isso.
2 - Até onde podem ir as pessoas quando directa ou indirectamente se vêm nas teias do (sub)mundo da droga, que a todos acaba por tocar, tornando-se colaterais. Um tema actual, polémico, na ordem do dia de todos os países, mas aqui o foco principal acaba por ultrapassar as políticas governamentais, dirigindo-se para os dramas familiares e pessoais, que perpassam o ´status´ social; constrangimentos e violência são ignorados quando o resgate da essência humana e do valor "família" se torna o único objectivo.