28/02/07

Os Óscares

Vi a cerimónia toda, pela 1.ª vez, o que me custou uma noite de 3 horas de sono e umas olheiras no dia seguinte.
Do espectáculo, procuro varrer da memória, a entrada das estrelas pelo tapete vermelho, umas mais anafadas, outras mais tísicas, outras mais empalhadas, etc... Não sei porquê, mas prefiro vê-las no palco. Gostei também, e muito, da apresentadora – Ellen - que sem grandes vénias e sem grandes tretas, se moveu por entre as constelações, entrevistando-as nos bastidores, ou até, de surpresa, nas escadas da plateia como se fosse um encontro casual no supermercado. Adorei aquela cena do aspirador que limpou o tapete da 1.ª fila, e quase levava os folhos do “Versace” da Penelope…

Quanto aos prémios, um dos favoritos da noite - "Babel" -, foi, a meu ver, premiado o suficiente. Um Óscar para a melhor música original, um dos aspectos que mais me agradaram do filme – o tom inspirado nos acordes mexicanos de viola. O filme não veio para ficar; e rapidamente vou esquecer as curiosas fatalidades ao jeito de Inarritu, que já conhecia de “21 gramas”.

“The Departed” levou os Óscares da noite. Vi a fita e não me pareceu que Scorsese, merecesse os dois. Talvez somente pela melhor realização, para dourar uma carreira altamente influenciada pelo cinema italiano, onde realizou imorredouros filmes como “O touro enraivecido”, “A última tentação de Cristo” ou “Tudo bons rapazes”.
Pelo que li, o título de melhor filme assentaria bem a “A rainha” ou a “Cartas de Iwo Jima”.

Mas as decisões da Academia são sempre surpreendentes, porque se a tese de premiar carreiras fosse critério, também Forest Whitaker perderia para Peter O´Toole no Óscar para melhor actor. O irlandês que interpretou “Lawrence da Arábia”, regressou a Londres, onde vive, apenas com a glória da nomeação, mas sem qualquer estatueta.

O homem do momento, novamente, a meu ver, é Clint Eastwood. Actor, realizador e compositor, este homem irradia arte e muito talento, também. Só nesta temporada, de um fôlego só, realizou 2 filmes que versam sobre a 2.ª guerra mundial e sobre o mesmo local. Um na perspectiva do lado americano – “The Flags of our fathers” e outro: “Letters from Iwo Jima”, na perspectiva do lado japonês. Este último, acredito que seja um filme fascinante de um excelente cineasta, que com 77 anos, no pico da carreira como realizador, dará seguramente, com a sua seriedade e lucidez habituais, uma visibilidade e uma interpretação até hoje estranha ao cinema americano, sobre os heróis japoneses da guerra do pacífico.

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