A 24/02/2005, pagava por litro: 0,522 € ; a 30/11/2005, já paguei na que foi a minha última compra: 0,663€/litro.
O governo, ao que parece, vai tomar a decisão do aumento da carga fiscal que incide sobre o gasóleo para aquecimento. Excelente medida, tendo em conta o objectivo da redução das emissões de CO2 para a atmosfera. Não esqueçamos que nos últimos 5 anos houve um aumento de 35%; e porquê? No que toca aos edifícios e às famílias – 40% correspondem à parte dos edifícios - o luso-aburguesamento é a principal causa. Não há casa que não tenha 2 carros, pelo menos. E, claro, a gaseificar diariamente. Não há habitação recente que não tenha previsto a caldeira e a bela chaminé em inox resplandecente para aquecimento central, e o ar condicionado, e o piso radiante, e o chorrilho de lâmpadas incandescentes nas paredes e jardins, e a aspiração central, e a hidromassagem – carolas, estas duas últimas. Agora entrámos na era da "domótica", que aplica electrónica e informática ao serviço das pessoas: casas com equipamento específico para pessoas que têm que ser inteligentes! À parte desse luxo, muito pano para mangas haveria ao falar-se sobre o primário desempenho energético dos edifícios – sim, aquelas placas azuis de “esferovite” para o isolamento térmico. E os alumínios? Ficamos por aqui…
Em Abril, o D.L. 79/2006, passou a obrigar nas habitações novas, a instalação de colectores solares para produção de água quente sanitária. Finalmente, após tantos anos, passa a ser obrigatório o aproveitamento de uma fonte de energia que temos para dar e vender. Finalmente obrigaram-nos a perceber que assim é muito mais barato levar água quente às torneiras; ou quase de borla, face ao preço do gasóleo e do gás.
Mas impõe-se uma questão: o governo, nos últimos anos, incentivou a instalação das caldeiras a gasóleo pela permissão da utilização do gasóleo agrícola, e agora por último, pela venda a preços aceitáveis do gasóleo para aquecimento – aquela coisa pastosa que entope os queimadores e que agora vai ficar ao preço do gasóleo rodoviário (220 mirréis por litro). O que é que os portugueses vão fazer a esses monos cúbicos da “roca” – passe a publicidade - que vivem nas caixas de escadas e nas garagens? Onde é que eles vão morrer? É justo abandonar esses sistemas e aplicar os painéis solares sem que hajam os mesmos incentivos? Pergunto mais: será que vão ser abandonados?
Porque senão, repare-se: a obrigação dos painéis é para as casas novas e para as grandes reabilitações (mais uma coisa ambígua, esta última), mas, o grosso da habitação está concluído cabendo lá 20 milhões de portugueses, tantas é a habitação devoluta. Que fatia da população é que vai fazer casa nova neste cenário, e ao preço que anda o dinheiro?