Contos não-inéditos na Sé de Viseu
Ontem, na Sé de Viseu, tive a honra de participar como um dos patronos, na cerimónia religiosa de um casamento.
O interior manuelino da catedral continua irrepreensível, pensava eu alegremente enquanto a noiva não chegava. Mas quem acabou por chegar foi o inenarrável e excelentíssimo Cónego, que se fez ouvir, à entrada do altar-mor, pelos seus brados em defesa da boa pontualidade e dos compromissos que tinha.
O sr. Cónego ignorou, por instantes, que estava na casa do Senhor, e fez dela sua casa ao lembrar que tinha legitimidade para anular, sempre que entendesse, a cerimónia e transferi-la para a igreja da Misericórdia.
Não ocorreu ao sr. Cónego, a solenidade e dignidade da ocasião bem como os mandamentos do Senhor?
A missa e o sermão do sr. Padre vieram a seguir. Foram interessantes. Falou-se em caridade, amor, entrega e sofrimento. E eu lembrei-me da fervorosa obra de Nietzsche que apontava, e aponta, o dedo à piedade e ao que ela conduz.
Mas logo a quis esquecer quando na sala de trás fui cumprir, de caneta na mão e a carteira na outra, as minhas obrigações de patrono.
Obrigado sr. Padre, pela tolerância e pela virtude de não ter sido contaminado pelas exaltadas palavras do sr. Cónego. [postal palmado daqui]
6 comentários:
Penso que sei quem é esse Cónego. Foi o mesmo que à uns anos atrás quis batizar, crismar e eu sei lá que mais, a minha filha que tinha então 7 anos. Penso que é um dos que faz muito para que cada vez menos pessoas frequentem as igrejas.
Pois, deve ser a mesma entidade eclesiástica!
É verdade isso que diz.
Eles esquecem-se que há muito mais para além da igreja.
Será aquele sr. cónego que também conduz as "ovelhas" em Gumirães?
É de fugir!
Francamente, não sei! Apenas o conheci em plena actividade na Sé.
Se é de fugir, é bem provável que seja o mesmo.
gosta muito da eurocaridade...
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