06/09/07

Canário, Rodrigo Guedes de Carvalho

Palavra de honra. Foi a segunda vez que passei por esta sensação numa grande superfície. A primeira foi com o José Rodrigues dos Santos, encontrava-se o jornalista/escritor em plena ascensão por alturas do Outono de 2005 aquando do lançamento do seu Codex. De repente, ao sair do corredor dos têxteis deparo-me com um vulto esguio com cerca de 1.90m e orelhas bastas, todo em papelão. Parece mesmo o homem, disse eu. Não tardou a aperceber-me da forte campanha de marketing em que a Gradiva se empenhou para lançar os romances da cara mais conhecida da informação da RTP. Já lá vão mais de 20 edições (140 mil exemplares) e JRS sempre com aquele sorriso de fecho de Telejornal no tal cartaz de promoção, quase real, não fosse um ou outro reflexo de luz a atravessar-se na face.
Agora sucedeu com Rodrigo Guedes de Carvalho e o seu novo título “Canário” da D. Quixote, num lançamento pós-estio utilizando receita igual à de JRS/Gradiva. O efeito resulta, é agressivo, coloca-nos a pensar naquela cara conhecida enquanto damos as voltas pelas prateleiras do costume e fazemos contas aos euros para carregar o carrinho desde o after-shave, à comida para o cão.
Marketing. Puro marketing em grandes investidas da industria editorial. Alguém disse que um best-seller (pois é isso que interessa, não me lixem...) é feito de 70% de livro e 30% de marketing. De modo que, tal como JRS e Miguel Sousa Tavares já possuem os seus fiéis leitores, RGC procura agora aumentar os seus pela mesma via.
E quando os mais periclitantes derem conta (pois não examinam como se estivessem numa Bertrand...), já têm um exemplar aninhado entre as compras da semana, e enquanto olham para o relógio sorriem pensando que ainda o levam com 10% de desconto.

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