12/09/06

Pink Floyd sem Roger Waters

Pulse saiu, entre nós, no início deste verão em dvd, editado pelos Pink Floyd ainda com o espectro, mesmo atenuado, de Waters e de Barret, dois dos fundadores da banda.
Estava para chamá-lo de álbum, mas à última fugiu-me o verbo para a verdade. Trata-se de um dvd, um trabalho audiovisual no seguimento do cd duplo saído em 1995.
Para mim esta edição era inevitável, além de incluir as faixas do álbum “The Division Bell” e outros ícones da banda, o espectáculo de luz e som, proporcionado num dos concertos de Londres durante a tournée mundial, só podia redundar num vídeo com qualidade dvd, possivelmente há muito pensado para esse fim.
A meu ver o resultado é magistral. Recordou-me um outro concerto deles em Veneza, onde pela primeira vez pude admirar o conhecido palco com um fundo luminoso formado por enormes coroas circulares giratórias que alternavam movimento e cor.
O concerto, de Londres, arranca com um “Shine on you Crazy Diamonds” muito suave, até à explosão que lhe traz a vitalidade que se espera. Seguem-se "Learning to Fly" e toda a substância dos Pink Floyd da "era" David Gilmour captando ao vivo a força da sua guitarra eléctrica, como é o melhor dos exemplos “Sorrow”, e reafirmando a actual e incontestável figura cimeira da empresa Pink Floyd.
No coro vemos a todo o tempo três vozes femininas, que ladeiam a guitarra e a voz de Gilmour, tendo maior destaque em "Keep Talking", emprestando a alma e corpo femininas que alternam com o canto ténue de Gilmour.
A música dos Floyd tem um forte pendor social, abrangente e mobilizadora de consciências, e é nessa perspectiva que os espectáculos são construídos. Cada música apresenta uma coreografia de feixes, cores, ritmos e ambientes, representando, na sua plasticidade visual e acústica, o conteúdo da mensagem. Todos os temas se desmarcam dos anteriores, remetendo, por estes motivos, todo o espectáculo para a categoria daqueles que são difíceis de esquecer mesmo não o tendo assistido ao vivo.
O génio do trabalho não se queda por aqui, o tratamento dado nas misturas na gravação, a conversão em dolby 5.1, conferem o toque divinal para ser ouvido numa qualquer sala doméstica, mesmo pela pouca pujança de um surround system da Yamaha, como o meu, é o bastante para sentir a excelência do resultado final.
A palavra final vai para o mérito e o crédito dos dois principais herdeiros que garantem a vida ao projecto Pink Floyd: o baterista Nick Mason, mas principalmente para David Gilmour, que Deus, ou o diabo, lhe conserve a destreza dos dedos e a criatividade nas melodias.

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