02/08/06

Exodus

Metáfora muito interessante esta de Pacheco Pereira. É o retrato da peregrinação anual a 160 à hora para chegar a tempo de apanhar ainda, no mesmo dia, uma nesga de sol naquela faixa litoral com pouco mais de 150 km.

Curiosa ideia esta do Al Gharb como destino inevitável, que por força da gravidade nos é imposto por quem levantou a tábua. E que fluidez a da debandada – mais ou menos ordenada – exceptuando os mais viscosos que como bem refere, por pobreza ou por trabalho ficam agarrados ao mesmo sítio. E que dizer dos outros que pelas máquinas voadoras contrariam a gravidade rumando aos mares do atlântico-sul, espalhando uma saloiice insolente quando experimentam a agradável novidade de sentirem o poder do valor dos euros que levam no bolso – e, sabe Deus em quantas prestações estão a pagar essa viagem.

Claro que se a dita faixa, o Algarve, onde após umas horas de viagem já todos se acotovelam na fila do café ou na escada da piscina, se estendesse até à antiga Gadir ou se as suas condições climáticas excepcionais se clonassem para a faixa entre Espinho e Caminha, o discurso já era outro (ou não?).
Pois não será isto uma questão de mais 50/60 km de faixa, ou da sua localização no fundo do tapete nacional? (Espreita aqui agora também, um outro perigo, que é o da ocupação da apetitosa costa vicentina…).

Pena será a minha e a de outros, não ter a fortuna de viajar constantemente como faz JPP, para palestrar ou investigar em qualquer local do nosso rectângulo, ou lá fora. Pena será não irmos de quando em vez a Budapeste ou a Bruxelas soltar o tédio de uma secretária, de uma oficina, de um balcão, de um tear ou até de um esteiro. Dêem-me um fim de semana dedicado às livrarias de Bucareste a ver se eu recuso!

Não, a minha perspectiva é outra, é a da escapatória, é o afastamento condicional do presídio, de uma certa tristeza que me amarra aos mesmos mecanismos, às mesmas ruas, às mesmas cores, todo o tempo.
E essa fuga é feita com fluidez, tal como outras, mas com uma fluidez alegre, que me envolve, que me ilumina, que me aproxima do meu filho ainda mais, mesmo que esse processo relacional seja salpicado com areia branca, e, ainda bem que assim é.
Também se leva isto da vida…


Aproveito para uma fazer uma transcrição do livro Exodus, de Leon Uris:
«Esta noite é diferente porque celebramos o momento mais importante do nosso povo. Nesta noite celebramos a sua partida, em triunfo, da escravidão para a liberdade.»

2 comentários:

I disse...

Olá Victor!

Seja bem vindo de volta! Só passei para dizer olá!
OLÁ!!
Só tenho tido tempo para actualizar o meu blog e pouco mais. Prometo que para a semana, enquanto faço o meu "estágio" para férias, dou uma vista de olhos nos blogs e deixo os respectivos comentários!
Beijocas

Victor Figueiredo disse...

Olá Patrícia!
Agora, quem pede desculpa sou eu :)
Não tenho tido muito tempo; vê lá tu se estas são horas de andar por aqui ;)
Estágio para férias?!? Ou será o primeiro avanço para as mesmas?!
Sorte
Beijinhos
Victor