17/09/07

A rentrée literária – Bala Santa

Este conceito faz-me sentir um transeunte distraído neste passeio entre os livros que entretanto decidi fazer de há uns anos para cá. Acontece que não ligava peva a algumas manifestações do meio editorial que ocorriam mal se sacudia a areia dos livros do estio. Devida a essa (imperdoável) desatenção, passou-me ao lado durante estes últimos anos, o evento “cronógrafo” que relança o ano literário, sobretudo no estrangeiro.
A rentrée literária é um fenómeno, dizem, A rentrée literária um processo, afirmam. Entendo que os apetites literários se alterem finda a estiva, e por isso seja necessário recarregar a culatra e lançar algo que anime o meio. Por princípio, algo mais envolvente, introspectivo, cuja reflexão não seja tão superficial como a levada a cabo nas espreguiçadeiras, logo agora que se começam a juntar os cavacos junto à lareira.
Entendo que este processo tenha sido importado pelo nosso mercado editorial, aproveitando o arranque comercial e escolar do ano. Há que voltar à estaca zero, reaparecer com cara nova e fugir das redundâncias. Alterar, colorir e atrair. Não é preciso ir muito mais longe, isto é o marketing em todo o seu esplendor.
Os sintomas deste processo, no final das contas, estão à vista de quem se interessa por livros e escaparates. Pare-se para ver além de olhar. Pode ser até que partindo de uma observação mais atenta, venha-se a descobrir mais do que aquilo que o pensamento sobranceiro permite (eu descobri a componente estética), tal como uma bala vinda daquela culatra…

No entanto, o fenómeno ou o processo anda por cá e manifesta-se com um efeito crescente.

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