Ravel - Toques do Infinito
Nesta antiguidade do pop português de 1994, trazida nestes dias à memória pela Antena 1, parece-me tudo muito bem. Soa tudo muito bem e muito belo, a começar pela voz melodiosa, acompanhada pela guitarra portuguesa. O vídeo é uma típica produção nacional da época, recriando as vestes populares de um país que já nem nos arraiais se encontra. Vemos castelos que evocam a aurora do Reinado Portucalense, levando a crer que el-Rei primordial pode aparecer em qualquer das suas esquinas.
Seguem-se brumas e névoas em bosques, a estimular o saudosismo amorfo sebastianista, que espera o Rei que há-de vir de Quibir.
Um imaginário infantil está também retratado nas constantes aparições de um petiz, perseguindo pueril, os sonhos até ao infinito.
Este é o pano de fundo do vídeo.
Este é o pano de fundo do vídeo.
A banda, essa parece tirada do catálogo de costura do António Variações, actuando com expressivos movimentos corporais, ao ar livre, num cenário granítico, descampado, bucólico, beirão, a lembrar a Né Ladeiras.
Português q.b. Notável, contudo.
Mas, e aí é que está o busílis, abusivamente inspirado, para não dizer escandolosamente copiado de uma banda inglesa de boa memória: os Cocteau Twins.
Desculpem-me, mas é verdade.
Comprendo que é enorme a tentação dos fãs da banda britânica em lhes seguir os passos, até porque estavam para acabar numa fase ainda promissora, como foi 1993/1994.
Mas há exageros que são ousados demais por mais nobre que o fim seja.
Acreditem que me apeteceu, na altura, embarcar neste projecto, não fosse eu um amante da banda da Elisabeth Fraser, que encontrou nos Ravel uma digna clone lusa, à sua altura. Mas, não. Não entrei nessa onda.
Português q.b. Notável, contudo.
Mas, e aí é que está o busílis, abusivamente inspirado, para não dizer escandolosamente copiado de uma banda inglesa de boa memória: os Cocteau Twins.
Desculpem-me, mas é verdade.
Comprendo que é enorme a tentação dos fãs da banda britânica em lhes seguir os passos, até porque estavam para acabar numa fase ainda promissora, como foi 1993/1994.
Mas há exageros que são ousados demais por mais nobre que o fim seja.
Acreditem que me apeteceu, na altura, embarcar neste projecto, não fosse eu um amante da banda da Elisabeth Fraser, que encontrou nos Ravel uma digna clone lusa, à sua altura. Mas, não. Não entrei nessa onda.
As bandas que inovem, que apareçam com afirmação no panorama, mas não assim. Nesse caminho os Ravel desapareceram como apareceram. Por entre as brumas da memória.
4 comentários:
Boa recordação.
Pois é, os Ravel lá foram à vida. Houve por aí outros que cometeram o mesmo erro e também não duraram muito.
Muito gostei muito deste post pela forma como descreve o vídeo.
Abraço,
João
Ups! "muito" está em duplicado. Era para ser: "Mas gostei muito deste post pela forma como descreve o vídeo."
Viva, João.
O vídeo está engraçado, com aquela candura, que ainda existia, da infância da realização dos vídeos, realizados aqui do nososo rectângulo.
Agora já não é assim. Para o bem ou para o mal. Não sei.
Abraço.
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