Embrulhos de passagem de ano
Já é a terceira vez que faço a passagem de ano no “Expocenter”, que é contíguo ao conhecidíssimo e antigo complexo de entretenimento “The Day After" - grupo "Visabeira".
Quem conhece este espaço, percebe que consegue albergar muita gente. O próprio site do Montebelo hotel & spa refere uma capacidade para 700 pessoas sentadas.
Ora, numa passagem de ano ninguém gosta de amarrotar o "fraque", pelo menos na primeira meia hora (!). Tal proeza seria impensável na festa que decorreu este ano, e o pior é que de edição para edição, só tem vindo a piorar. As 63 mesas circulares dispostas em torno do palco e da pista, comportavam seguramente 750 pessoas nos cerca de 1300 m2. C´est incroyable, mas é verdade. (Prevenção contra o risco de incêndio...)
Nos anos anteriores, pelo serviço - e espaço disponível - é justo afirmar que o preço tem sido razoável. Contudo, as condições geradas neste ano, tornaram o valor alto demais (apesar da quantia “per si” não ser alta).
Para além do aperto no lobby de entrada, onde mal pudemos cumprimentar os amigos, a passagem para o salão foi incómoda, isto para não falar do assalto que se seguiu às mesas do buffet, quando o tiro de saída foi dado.
O caos esteve próximo, sobretudo em torno da mesa dos mariscos e moluscos (imagino a contenção dos músculos faciais dos que sacrificaram os joanetes, para manter a pose e o "fraque" direitos...).
Depois de acalmadas as hostes e de quase esbarrar, à minha frente, contra pratos e pires que passavam com quantidades piramidais de comida, as criaturas começaram a perder o nervoso miudinho e os ânimos mudaram de tom. Pelos vistos, aos mais ávidos, estava à vista o retorno do investimento dos 85,00€... !
A determinada altura uma pessoa sentiu-se mal. Levaram-na para um possível canto, e a banda que estava de serviço no palco, pediu um médico à assistência. Da dúzia de mesas mais próximas, pelo menos um elemento saiu a correr para se juntar aos "enfermeiros" que já auxiliavam...
Pensei: com tanto profissional de medicina assim, certamente que estaria seguro.
Todavia, não sei porquê - ou melhor, até sei - apesar do sempre delicioso bacalhau com migas da Tia Mimi, do estaladiço leitão, dos frutos do mar, das sapateiras recheadas, das bavaroises, crepes, pudins, tábuas de queijos, da queimada beirã, e mesmo com o cardiologista na mesa ao lado, este ano, cumpri as regras. Os meus queridos amigos que me perdoem, mas há alturas em que não há pachorra.
Na parede, um relógio adiantado precipitava-se sorrateiramente para a meia-noite. Agarro no kit-passagem, qual “palhaço”; pego nas 12 passas e mando-as goela abaixo, qual “kompensan”. Beijos e abraços da praxe, e passadas duas horas estava ao fresco. Ala para casa que se faz tarde!
Nestes réveillons, parecemos autênticos embrulhos de passagem de ano! (Velhos tempos, os de Salamanca...)
Quem conhece este espaço, percebe que consegue albergar muita gente. O próprio site do Montebelo hotel & spa refere uma capacidade para 700 pessoas sentadas.
Ora, numa passagem de ano ninguém gosta de amarrotar o "fraque", pelo menos na primeira meia hora (!). Tal proeza seria impensável na festa que decorreu este ano, e o pior é que de edição para edição, só tem vindo a piorar. As 63 mesas circulares dispostas em torno do palco e da pista, comportavam seguramente 750 pessoas nos cerca de 1300 m2. C´est incroyable, mas é verdade. (Prevenção contra o risco de incêndio...)
Nos anos anteriores, pelo serviço - e espaço disponível - é justo afirmar que o preço tem sido razoável. Contudo, as condições geradas neste ano, tornaram o valor alto demais (apesar da quantia “per si” não ser alta).
Para além do aperto no lobby de entrada, onde mal pudemos cumprimentar os amigos, a passagem para o salão foi incómoda, isto para não falar do assalto que se seguiu às mesas do buffet, quando o tiro de saída foi dado.
O caos esteve próximo, sobretudo em torno da mesa dos mariscos e moluscos (imagino a contenção dos músculos faciais dos que sacrificaram os joanetes, para manter a pose e o "fraque" direitos...).
Depois de acalmadas as hostes e de quase esbarrar, à minha frente, contra pratos e pires que passavam com quantidades piramidais de comida, as criaturas começaram a perder o nervoso miudinho e os ânimos mudaram de tom. Pelos vistos, aos mais ávidos, estava à vista o retorno do investimento dos 85,00€... !
A determinada altura uma pessoa sentiu-se mal. Levaram-na para um possível canto, e a banda que estava de serviço no palco, pediu um médico à assistência. Da dúzia de mesas mais próximas, pelo menos um elemento saiu a correr para se juntar aos "enfermeiros" que já auxiliavam...
Pensei: com tanto profissional de medicina assim, certamente que estaria seguro.
Todavia, não sei porquê - ou melhor, até sei - apesar do sempre delicioso bacalhau com migas da Tia Mimi, do estaladiço leitão, dos frutos do mar, das sapateiras recheadas, das bavaroises, crepes, pudins, tábuas de queijos, da queimada beirã, e mesmo com o cardiologista na mesa ao lado, este ano, cumpri as regras. Os meus queridos amigos que me perdoem, mas há alturas em que não há pachorra.
Na parede, um relógio adiantado precipitava-se sorrateiramente para a meia-noite. Agarro no kit-passagem, qual “palhaço”; pego nas 12 passas e mando-as goela abaixo, qual “kompensan”. Beijos e abraços da praxe, e passadas duas horas estava ao fresco. Ala para casa que se faz tarde!
Nestes réveillons, parecemos autênticos embrulhos de passagem de ano! (Velhos tempos, os de Salamanca...)
3 comentários:
Deliciosa, a bem humorada descrição do... "embrulho" :)
A mim não me apanham nessa(s)!
Viva, Víctor!
Adorei esta descrição dessas aventuras de reveillon, e quando falou em "esbarrar contra pratos e pires", lembrou-me aquela inesquecível cena de uma filme de Charlie Chaplin quando ele, empregado de mesa num restaurante c/ salão de dança, está quase a chegar perto de uma mesa, carregando uma bandeja com imensa comida, onde um indivíduo esfomeado e tremendamente irritado o espera ansiosamente, quando a multidão que dança se aglomera de tal forma que ele é empurrado de bandeja no ar novamente para o centro da sala e anda de um lado para o outro sem nunca conseguir chegar à mesa com a bandeja. Inesquecível, uma loucura de riso essa cena.
Abraço,
João
António Machado e João "Cazento": cumprimentos aos dois!
João: recordo essa cena vagamente. Há uma outra, a da mesa num barco, em que Charlot se encontrava num dos lados, e o prato, com a ondulação marítima, ia e vinha!! Charlie Chaplin era um mestre
Anda nos clássicos?! Eu também. No outro dia revi o La Dolce Vita e o Casablanca.
Um abraço
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