Novembro em Veneza
Tadzio não estava lá!
Não estaria, com certeza. Mas como se refere no livro, perante a fachada do Hotel des Bains e as praias defronte, consegue-se recriar mentalmente todo o ambiente de “A Morte em Veneza” de Thomas Mann, com um absorto Aschenbach numa cadeira de praia, contemplando Tadzio, o belo jovem polaco, a correr no mar do Lido.
Isto a propósito do livro “Os Dias de Veneza” de Eduardo Pitta, cujo título me seduziu logo à partida, ou não tivessem passado somente 3 semanas após a minha viagem a Veneza.
Li-o, e adorei, confesso. Mais adoraria se tivesse passado por todos os locais de Veneza referidos e visitados por Eduardo Pitta. A colecção de Peggy Guggenheim e o Museu Correr – o “Louvre do sítio", são dois bons exemplos.
Ao contrário do escritor, não senti Veneza à noite - sobretudo a Praça de São Marcos como tanta vez se repete por aí - e todas as reverberações que esta possa reflectir, sejam sons de um violino ou de uma qualquer “toccata” (posso acrescentar que nesse aspecto, enchi a barriga com a voz límpida de uma soprano, entre as fachadas nuas das Uffizi em Florença). Não observei, na penumbra, o recorte dos pináculos das cúpulas da Basílica de São Marcos, nem o volume do Palácio dos Doges que decerto preserva no escuro a brancura calcária sob o efeito do luar. Ficam para segundas núpcias...
Não estaria, com certeza. Mas como se refere no livro, perante a fachada do Hotel des Bains e as praias defronte, consegue-se recriar mentalmente todo o ambiente de “A Morte em Veneza” de Thomas Mann, com um absorto Aschenbach numa cadeira de praia, contemplando Tadzio, o belo jovem polaco, a correr no mar do Lido.
Isto a propósito do livro “Os Dias de Veneza” de Eduardo Pitta, cujo título me seduziu logo à partida, ou não tivessem passado somente 3 semanas após a minha viagem a Veneza.
Li-o, e adorei, confesso. Mais adoraria se tivesse passado por todos os locais de Veneza referidos e visitados por Eduardo Pitta. A colecção de Peggy Guggenheim e o Museu Correr – o “Louvre do sítio", são dois bons exemplos.
Ao contrário do escritor, não senti Veneza à noite - sobretudo a Praça de São Marcos como tanta vez se repete por aí - e todas as reverberações que esta possa reflectir, sejam sons de um violino ou de uma qualquer “toccata” (posso acrescentar que nesse aspecto, enchi a barriga com a voz límpida de uma soprano, entre as fachadas nuas das Uffizi em Florença). Não observei, na penumbra, o recorte dos pináculos das cúpulas da Basílica de São Marcos, nem o volume do Palácio dos Doges que decerto preserva no escuro a brancura calcária sob o efeito do luar. Ficam para segundas núpcias...
Restou-me por isso, em 8 ou 9 horas de correria, observar à luz do dia, a rigidez arquitectónica da Praça, a disciplina das linhas do barroco das fachadas numa mescla com o bizantino oriental da catedral e a colossal torre/campanário. De seguida, num vaporetto, atravessei para o outro lado do grande canal, e perdi sob a amplitude da fachada o ângulo de visão das enormes cúpulas da Basílica de Santa Maria Della Salute, à medida que ia entrando no círculo interior coberto de frescos, iluminados pela luz que penetrava pela cúpula. À saída, voltei às águas (sem acqua alta), e noutro vaporetto, naquele largo e grande canal, por entre alçados seculares de palazzos e hotéis, cumpri o caminho dos peregrinos via ponte Dell´accademia até ao mármore em arco da ponte Rialto. Esse, para mim, foi o ponto final das viagens fluviais venezianas. Saltei para a margem à direita, comprei um gelado e atravessei a Rialto. A aventura a pé tinha começado, a terra firme do labirinto entre canais esperava-me. Piazzas, becos, pontes, igrejas, muitos com aspecto degradado de um sujo poeirento.
A canseira das centenas de metros percorridos ia vencendo, e descansar era a solução apesar do enorme entusiasmo.
A meio da tarde, de fatia de pizza na mão rigorosamente seleccionada, numa praça dominada por mais uma bela torre de igreja, cujo nome não lembro, pombos vinham comer à mão e uma violinista tocava deliciosamente à frente, de mala aberta no chão, com algumas moedas espalhadas dentro. Mais adiante, outros artistas de rua exibiam as habilidades. O que mais se notabilizava, tocava, num tabuleiro de copos com água, uma magnífica valsa, cujas irrepreensíveis notas se iam soltando do vidro.
Um pouco mais tarde, entrei numa loja (negozi), e reparei num cartaz a indicar que naquele local tinha sido filmada uma cena de “Summertime”, de David Lean, com Katharine Hepburn, captando uma perspectiva que faz jus ao dramático cenário veneziano de uma ponte sobre um canaleto, com a linha de água ladeada de muretes de tijolo, reflectindo a cor acobreada do sol e os edifícios esbatidos.
Tudo isto num fim de tarde.
Tive sorte. Estava um lindo dia para Novembro. Em Veneza quase que bastam uns raios de sol para o dia ficar perfeito. Imagine-se então, um longo e radiante dia de princípio de Inverno; não se pode pedir mais.
5 comentários:
Bravo, bravíssimo.
ZT
Votos de um feliz Natal, para ti e para os teus e um bom ano de 2007, capaz de concretizar sonhos e desejos!
Grande abraço!
O Avatar sou eu ( Sá Morais )
Obrigado Pedro. Votos de um 2007 com muitas realizações, sobretudo literárias!
Um abraço,
Victor.
Um bom ano Zé Tó :)
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