29/08/06

Bebida de rum com pólvora

Dois livros para que se recorde a pirataria para além das Caraíbas.
O primeiro – Piratas, Enciclopédia Visual da Verbo, nº 18 - a pensar nos mais jovens. Ilustrado q.b., com ricas e interessantes legendas para descoberta das singularidades e das causas que motivavam os salteadores dos mares, que muitas vezes só conhecemos do mito romântico da literatura de Lord Byron, Robert Louis Stevenson, Willem Dafoe, ou do cinema de Michael Curtiz com o incontornável Errol Flynn.
Dos Gregos aos Romanos, dos Vikings aos Chineses, do Pacífico ao eterno mediterrâneo, com passagens no mar do norte, os piratas encontraram de forma pueril, os seus últimos dias nas ilhas das Caraíbas e na costa leste americana do séc. XIX.
Nomes que vagueiam e assombram as memórias de infância são aqui redescobertos – O capitão Kidd, os Barbarossa, a ilha Hispaniola, Francis Drake, e o Barba Negra envolto na sua nuvem negra de fumo.

O segundo livro, História Geral dos Piratas - editora Cavalo de Ferro, do enigmático escritor e capitão Charles Johnson, best-seller no início do séc. XVIII, relata como viu a bordo de muitos navios, a vida de célebres piratas com uma crueza e ironia incomparáveis, adensadas por uma descrição só alcançável por quem as viveu. Daí a suspeita da identidade de Johnson anunciar-se como um pseudónimo de um pirata, um fino pirata, possivelmente da mesma linhagem de sir Henry Morgan ou de Sir Francis Drake.
Já mais seguros, aparentam ser os “genuínos” relatos onde inclui lisongeiras menções aos portugueses face aos holandeses, nas colónias de então. Além destes, encontram-se crónicas das façanhas de Barba Negra.

Mas a natureza dos escritos é sobretudo irónica, uma ironia que reaviva a memória da natureza dos corsos, provocadores “desbocados” em gracejos, mas sobretudo cruéis e impiedosos.

Sem comentários: