18/10/06

a E.N.16, o I.P.5 e a A25

Na direcção do litoral tomando o IP5 (ainda o IP5), passados 500m do nó de Figueiró, como se sabe, encontra-se uma zona baixa com um pontão (pequena ponte).
Como se recordam em meados de Agosto passado, antes desse pontão, na descida com 3 “faixas”, morreram
às 6h00 da manhã, 2 pessoas a caminho da feira de S. Mateus.
Hoje de manhã, debaixo de forte chuvada, ao passar nesse mesmo local reparei numa lâmina de água com cerca de 3m de largura, que atravessando a estrada me provocou alguma instabilidade no carro. Fiquei estupefacto! Como é possível isto ainda suceder num itinerário que dispõe de serviços de manutenção – LusoScut/concessionária – cujas instalações estão à distância de 2 km, junto à Galp? Como é possível esta anomalia do pavimento não ter sido corrigida em 20 anos de IP5? Se tal não é assim, então tratam-se de resíduos acumulados na berma que fazem concentrar água naquela zona e que carecem de limpeza pelos responsáveis!

Permitam-me que diga, com o respeito àqueles que nas estradas já muito perderam, como é fácil e barato culpar quem concebe os traçados destas vias, aliás é mesmo muito fácil. Uma coisa garanto, os regulamentos, normas e a sinalização (sublinho) que estavam em vigor à altura, eram cumpridos com raras excepções, e o IP5 não foi uma excepção com 180Km. Existem sim, situações cuja resolução tem que ser bem acompanhada na execução, como é o caso destas zonas de transição de recta para curva, ou de curva para contra-curva, onde a plataforma inclina, na transversal, sempre para o lado de dentro da curva; os pilotos automóvel chamam a isso o popular “relevé”. E é nessas transições de curva para contra-curva que o "relevé" vai variando até encontrar uma linha completamente plana onde a água fica imóvel formando os desditos “lençóis”.
Nas faixas imediatamente antes e depois dessa linha, circula água em abundância sob a forma de lâmina. Estes locais são críticos. A sua resolução? É relativamente simples. Através de canaletes que são rasgados no alcatrão, consegue-se conduzir a água pluvial abaixo da superfície de circulação dos veículos. Mas para situações de excesso de água, obviamente não se farão canaletes enormes. Os condutores terão que fazer aquilo que menos gostam: levantar o pé da tábua!

E permitam-me que diga mais: foi esse o principal motivo que apelidou de “erro”, o IP5, paz à(s) sua(s) alma(s); pé na tábua e vista grossa à sinalização e ao civismo.
A coadjuvar, nas indispensáveis entrevistas à comunicação social decididas não se sabe bem com que critérios, apareciam a dissertar sobre o assunto do projecto do IP5, gurus da engenharia popular como comandantes de bombeiros e utentes da via, cujo exemplo se viu no dia da inauguração da nova A25.

Não defendo a “bossa do camelo” do Caçador (junto à qt.ª Magarenha) contudo, à semelhança do sistema implementado defronte ao Estádio do Dragão, foi promovida a prevenção, a divulgação e a monitorização, sabendo as pessoas há muito, o que lhes espera se ultrapassarem o “limite”. Estas excepções, embora não concorde com elas, estão bem sinalizadas e só não as vê quem não quer ver.

Os separadores centrais, que tanta polémica trouxeram no IP3? Reparem: quais os acidentes que mais mortos e feridos graves causam? Choques frontais! Os separadores tendem a reduzir bastante essas ocorrências. Na altura colocou-se a questão do acesso até ao local do acidente! Perante a situação essa questão é um mal menor. As bermas, mesmo em condições extraordinárias, desempenham bem a função de via.
Na actual A25 todo o traçado está servido com separador central, porém a solicitação deste elemento não será tão elevada como o é na IP3 graças às 2 vias de circulação em cada sentido.

A A25, não apresenta características para a apelidarem de “erro”. Se calhar, em 1986, alguém teve o mesmo pensamento que hoje estou a ter relativamente ao IP5. Na altura, o país tinha escassos recursos e via as suas infra-estruturas crescerem abruptamente, tal como foi a alteração dos hábitos culturais, do acesso ao crédito e da tecnologia aplicada ao sector automóvel. Não se sabe o que irá acontecer durante a vida útil da nova A25. Espero não estar errado. Uma coisa parece certa e penso que goza de unanimidade: a E.N. 16 não foi um erro. Porquê?

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