28/09/07

Paris é Uma festa

Paris, primeiro avanço.

A pesquisar se vai entendendo o porquê das coisas, peça a peça. Em 1955, o jornalista Garcia Marquez, foi enviado à Europa pelo jornal colombiano El Espectador. No ano seguinte, com o jornal fechado pelo governo, exila-se em Paris e experimenta um período com muitos problemas financeiros. Foram tempos difíceis, onde ensaiou e amargou a vida do artista sem rendas, dependendo apenas de "milagres quotidianos" que lhe garantiam alguns francos, mas que lhe fomentaram uma das fases mais produtivas enquanto escritor. Saem para o papel Os funerais da Mamã Grande e
Ninguém Escreve ao Coronel. Este último, escrito e reescrito inúmeras vezes durante esse ano na cidade luz, relata uma história latino-americana de um Coronel reformado e de sua mulher asmática, que religiosamente, todas as sextas-feiras, se apresenta nos correios expectando a chegada da prometida reforma. Enquanto a dita não passa de promessa, percorremos uma fantástica viagem literária de peripécias que tentam afastar a miséria e dar algum sentido à vida. Deve ter sido o que o desafortunado colombiano passou nesse ano em Paris, como contou acerca dos dias a fio em que descia as mesmas escadas até ao correio aguardando ansiosamente a correspondência de Bogotá. O mesmo ano em que Marquéz e a mulher mediaram as crises conjugais do casal Vargas Llosa e que lhe valeram, tempos depois, um valente soco em cheio no olho esquerdo, do colega peruano.
Dos tempos de Paris o resultado quedou-se nesse brilhante retrato da velhice e da burocracia sul-americana: Ninguém Escreve ao Coronel, adaptado também ao cinema em 1999, por Arturo Ripstein.

Isto a propósito da influência que a capital francesa e a sua cultura exerceu sobre mais um escritor, entre tantos outros estrangeiros, Eça, Hemingway ou Vila-Matas...

Só passei uns dias em Paris, em 1994, mas após essa estadia já viajei até aos seus bairros e às margens do Sena por várias vezes. Ainda há pouco aí fui pelas páginas do Fio de navalha de Maughan ou pelas curtas metragens de Paris Je T´Aime. Vamos ver que dias me esperam. Molhados, seguramente. Mas, até lá, segue-se Paris Nunca Se Acaba de Henrique Vila-Matas nos anos setenta.

À Nuit Blanche de Paris, vou falhá-la por um dia, quem diria. Semelhante àquela que se realizou em Madrid, além do mais até por ser a noite original conceptual, a Nuit Blanche é uma noite em que não se dorme por esta oferecer inúmeros espectáculos de rua e por ter os museus e outros estabelecimentos públicos abertos, para que os naturais, e eventuais turistas, possam desfrutar destas actividades, eventos e exposições artísticas de forma contínua e grátis. Pede-se somente a São Pedro que não chova. Nem é preciso sol, basta o bom tempo.

1 comentário:

Victor Figueiredo disse...

Turma 12:
Obrigado pelas vossas palavras. Com certeza que irei ao vosso blogue.